Segundo um relatório do independente Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), o ano fiscal de 2020, iniciado em 1 de outubro passado, deverá ter um déficit orçamentário de cerca de 1,02 trilhão de dólares.
Tal se deveria ao fato de o governo dos EUA continuar gastando mais do que aquilo que recebe, malgrado o crescimento constante da economia.
Este valor seria o mais alto desde 2012 – quando o governo se viu a braços com reduções fiscais em sequência à crise financeira de 2008 e que exigiu igualmente forte empenho do Estado em outros tipos onerosos de estímulos à economia.
Os analistas preveem que o Produto Interno Bruto cresça uns 2,2% em 2020, valor que será insuficiente para cobrir o déficit, tanto mais que esta previsão fica aquém do valor estabelecido como objetivo pela Administração Trump.
O CBO prevê que em 2030 o déficit orçamentário possa atingir uns inimagináveis 31 trilhões de dólares, a continuar o atual ritmo de endividamento e queda nas receitas fiscais. O organismo chama a atenção para o fato de que o presente estado de crescimento da economia poderia proporcionar uma redução da dívida pública, ao invés de aumentá-la.
Afinando pelo mesmo diapasão, Michael A. Peterson, diretor-executivo da Fundação Peter G. Peterson, que se dedica a patrocinar estudos visando medidas para a sustentabilidade econômica e fiscal dos EUA, o déficit orçamentário crônico e crescente é "um triste reflexo da fraca saúde fiscal do nosso país", sendo inaceitável acumular "toda esta dívida em uma economia em crescimento".
O déficit vem aumentando sob a Administração Trump, não obstante o presidente, quando candidato, ter prometido eliminar a dívida em 8 anos. Na realidade, esta foi crescendo nos últimos quatro anos.
No Twitter, Trump exortou o banco central dos EUA (FED, na sigla em inglês) a adotar "medidas inteligentes" no tocante às taxas de juro, de forma a que o governo possa então se concentrar em pagar e refinanciar a dívida.
The Fed should get smart & lower the Rate to make our interest competitive with other Countries which pay much lower even though we are, by far, the high standard. We would then focus on paying off & refinancing debt! There is almost no inflation-this is the time (2 years late)!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 28 de janeiro de 2020
O Sistema de Reserva dos Estados Unidos [banco central norte-americano] deveria mas é pugnar por fixar uma taxa de juro de referência inteligente e mais baixa para tornar nossos juros competitivos em relação a outros países, pois somos de longe quem cobra os juros mais altos. E então, sim, nós nos concentraríamos em pagar e refinanciar a dívida! Quase não há inflação - este é o momento (com 2 anos de atraso)!
O panorama do déficit se agravou com um pacote de gastos aprovado por democratas e republicanos no Congresso em 2019, e que se calcula venha acrescentar mais de 500 bilhões de dólares à dívida ao longo da próxima década.
O corte de impostos de 2017 piorou ainda mais a situação e as contínuas reduções fiscais da administração Trump, especialmente para as empresas, bem como o aumento das despesas, sobretudo em armamentos, contribuíram igualmente para o crescimento do déficit.