No final de 2019, o submarino Tennessee, munido com esses mísseis, deixou pela primeira vez a base na Geórgia e foi patrulhar o oceano Atlântico, de acordo com o artigo de especialistas da organização.
O desenvolvimento de uma nova ogiva foi anunciado no início de 2018 pela administração do presidente norte-americano Donald Trump. A medida foi justificada pela necessidade de dissuadir a Rússia de usar ogivas nucleares para fins táticos em caso de conflito no Leste Europeu.
Segundo estimativas da FAS, um ou dois dos 20 mísseis do submarino Tennessee possuem novas ogivas W76-2, cada uma com uma capacidade de cinco quilotons, sendo que um único míssil pode ter várias ogivas.
Elemento dissuasor
Todo o resto das ogivas no Tennessee é padronizado – 90 e 455 quilotons cada, podendo ser até oito em um míssil, dizem especialistas.
Militares norte-americanos alegaram que a Rússia teria adotado uma doutrina de "escalada para a desescalada", quando armas nucleares táticas podem ser usadas em caso de falha de ataque com armas convencionais.
Dessa forma, militares dos EUA argumentaram que a ogiva W76-2 "deveria resistir à concepção errada de que existe alguma falha na capacidade de dissuasão regional dos EUA que pode ser explorada".
Os especialistas da FAS acreditam que o conceito de que Moscou pode tomar uma decisão sobre um ataque nuclear com base nas capacidades das ogivas dos EUA não está comprovado, e que Washington já possui até mil ogivas nucleares de baixa potência.
No entanto, apoiadores da instalação de tais ogivas em submarinos dos Estados Unidos dizem que os navios podem não superar o sistema de defesa antiaérea russo, que vem sendo aperfeiçoado nos últimos anos.
"Tudo isto parece um bom combate à moda antiga da Guerra Fria. No passado, todas as armas nucleares táticas foram justificadas com esta linha de argumentação, que os rendimentos menores e o uso 'imediato' – uma vez alcançado através da base avançada europeia de milhares de ogivas – eram necessários para dissuadir. Agora a ogiva W76-2 de baixo rendimento dá aos EUA uma arma que seus defensores dizem ser mais útil e, portanto, mais eficaz como elemento dissuasor, realmente sem mudanças em relação às articulações anteriores da estratégia nuclear", escreve o artigo.
Os especialistas observam que o lançamento do míssil Trident com uma carga nuclear de baixa potência não pode ser distinguido do lançamento de um míssil com uma ogiva estratégica. Neste caso, segundo a organização, usar ogivas de baixa potência contra a Rússia é tão impensável quanto estratégico.
Na realidade, indica o artigo, as ogivas de baixa potência podem ser usadas como um meio para o primeiro ataque nuclear contra a Coreia do Norte ou o Irã. Na estratégia nuclear americana é afirmada sua intenção de "expandir a capacidade de resposta a ataques estratégicos nucleares ou não nucleares", o que abre o caminho para o primeiro ataque nuclear.