Na semana passada, um inquérito contra Wajngarten foi aberto pela Polícia Federal (PF) para a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Ele é suspeito dos crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos públicos) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).
Perguntado na saída do Palácio da Alvorada se o chefe da Secom seria demitido diante das suspeitas, Bolsonaro garantiu que ele está "mais firme do que nunca".
"Olha só, o que eu posso te falar. Não foi a PF que abriu. O MP que pediu para que fosse investigado. Então é completamente diferente do que você está falando. Dá a entender que ele é um criminoso. Não é criminoso, eu não vi nada que atente contra ele", declarou.
O inquérito foi aberto contra Wajngarten depois de uma série de reportagens do jornal Folha de S. Paulo. De acordo com a publicação, ele é sócio da FW Comunicação, empresa que tem contratos com emissoras de televisão (Band e Record) e uma agência de publicidade (Artplan) que, ao mesmo tempo, recebem verbas de publicidade da Secom.
O jornal também não informou a Comissão de Ética da Presidência da República que seria sócio de uma empresa com relações comerciais com agências e emissoras destinatárias de verbas do governo. Se confirmadas as suspeitas, Wajngarten estaria quebrando uma das regras de conduta da administração federal, por beneficiar a si ou familiares/amigos com atos governamentais.
Além das apurações da PF e do MPF, o Tribunal de Contas da União (TCU) também apura o suposto uso de critérios políticos, em detrimento de fatores técnicos, por parte da Secom para a distribuição de verbas de publicidade para emissoras da televisão aberta.
Em sua defesa, Wajngarten nega ter cometido qualquer irregularidade desde que assumiu o cargo, em abril de 2019.
Ainda de acordo com a Folha, assessores de Bolsonaro já aconselharam o presidente a afastar o chefe da Secom do cargo, porém o presidente vem resistindo, pelo menos até a conclusão do inquérito da PF – em média, leva-se 30 dias.