Entidades de defesa dos direitos indígenas consideram que ele poderia adotar medidas para interferir na cultura desses povos.
A nomeação do missionário para a Fundação Nacional do Índio foi confirmada na semana passada.
O MPF sustentou "nítido conflito de interesses e incompatibilidade técnica" para justificar a suspensão da nomeação. Para o Ministério Púlico, a indicação é "ilegal".
Antes dele ser nomeado, a Funai alterou regimentos internos para permitir que o cargo fosse ocupado por alguém que não fosse profissional de carreira da instituição.
Dias trabalhou 10 anos em missão de evangelização
Dias, formado em teologia e antropologia, trabalhou durante dez anos na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), que realiza a evangelização de índios na Amazônia.
De acordo com índios da etnia matsés, com quem Dias conviveu no Amazonas, o missionário queria fundar uma igreja na terra indígena Vale do Javari, mas não obteve autorização dos locais.
A região abriga a maior população de povos indígenas isolados do mundo.
Caciques da etnia divulgaram carta afirmando que ele manipulou parte dos indígenas e se apropriou de sua cultura.
De acordo com o Ministério Público, colocar as ações com indígenas isolados nas mãos de um missionário é um risco para a política de não contato adotada pelo Brasil desde a década de 1980 - com ameaça de genocídio e etnocídio dos povos indígenas.