Um acordo palestino-israelense pode ser alcançado com base no plano de paz da Liga Árabe e não nas propostas dos EUA, disse Ahmed Aboul Gheit, secretário-geral da organização na terça-feira (11).
Ao mesmo tempo, a Rússia está oferecendo uma plataforma em Moscou para conversações entre os líderes de Israel e da Palestina sem quaisquer condições prévias, disse o representante permanente da Federação da Rússia na organização, Vasily Nebenzya, em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É proposto adiar a discussão do "Acordo do Século" neste órgão da ONU.
O que a comunidade internacional dirá nesta situação? Onde e como a Palestina e Israel poderão se sentar novamente à mesa de negociações? Vários especialistas falaram à Sputnik Árabe sobre estas questões.
Como Israel e Palestina se sentarão à mesa das negociações?
Aleksandr Vavilov, professor da Academia de Serviço Diplomático do Ministério das Relações Exteriores russo, doutorado em História, está convencido de que ambos os lados do conflito só poderão negociar com base nos acordos estabelecidos pelo direito internacional.
"A Palestina se sentará à mesa de negociações exclusivamente no quadro do plano apresentado pela Liga Árabe. Eles só ficarão satisfeitos com a opção de criar dois Estados nas fronteiras de 1967. Este programa foi aprovado pela ONU e se tornou parte do direito internacional. A comunidade internacional também o apoiará", disse ele.
Falando sobre as ações do lado israelense, ele acrescentou: "Eu acho que Israel deveria adotar uma abordagem realista quanto a esta questão e finalmente se sentar calmamente à mesa de negociações com os palestinos nestes termos. Fiquei muito satisfeito com a recente declaração de Mahmoud Abbas: 'Os EUA estão propondo a criação de um Estado palestino sob a forma de queijo suíço'. Isso, é claro, não serve para nada. Então eles terão que voltar às concepções básicas de 2002".
O cientista político palestino Alif al-Sabagh também concorda com a necessidade de iniciar negociações somente com base nos acordos internacionais.
"Neste momento, a comunidade mundial, por várias razões, não insiste no cumprimento das obrigações internacionais sobre a Palestina, que estão consagradas nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Nenhuma negociação deve violar as normas existentes do direito internacional. Devemos resolver o problema exclusivamente sobre esta base".
Moscou como novo centro de diálogo entre Israel e Palestina?
De acordo com a declaração do representante permanente da Federação da Rússia no Conselho de Segurança, Vasily Nebenzya, a Rússia está pronta para agir como mediador nas negociações, mesmo sem condições prévias.
Por sua vez, Aleksandr Vavilov está certo de que, em condições de total desconfiança da Palestina em relação aos EUA, Moscou é o único lugar onde as partes podem iniciar o diálogo em pé de igualdade.
"Moscou será de fato o lugar ideal para negociações palestino-israelenses, porque tanto Mahmoud Abbas como Benjamin Netanyahu veem Moscou como um parceiro. Para o mediador é também crucial que ambos os lados confiem nele. Mas, para que isso aconteça, mais uma vez é preciso que Israel reavalie a situação de forma realista, e não se queixe de Trump. Até isso acontecer, Israel e Palestina não se sentarão à mesa de negociações. Não haverá nada para discutir", enfatizou o especialista.
Alif al-Sabagh não é tão otimista. Na sua opinião, Israel, nas circunstâncias atuais, não vai iniciar um diálogo fora do plano de Trump.
"Nós vemos que a Rússia está pronta para se tornar um elo de ligação entre nós e os israelenses. A Palestina aprecia esta mediação. Mas não tenho certeza de que o lado israelense, à luz da imposição do "Acordo do Século" na arena internacional, concordará em vir a Moscou para conversações em condições completamente diferentes", disse ele.
Falando sobre a posição da Palestina sobre esta proposta, o especialista palestino continuou: "Com certeza, o lado palestino está pronto para conversar, especialmente se a plataforma for de um parceiro de confiança. Mas é importante entender exatamente o que será objeto de negociações: o cumprimento das obrigações internacionais ou a busca de uma alternativa a essas decisões. Nós não queremos esta última, ao contrário de Israel".