Neste sábado (15), durante discurso na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, o presidente francês Emmanuel Macron disse estar "convencido de que precisamos de uma Europa muito mais forte em termos de defesa".
"Não podemos passar sempre pelos EUA. Não, precisamos pensar a partir da perspectiva europeia também", disse Macron.
O presidente francês fez da necessidade de maior independência europeia na área de defesa um dos temas prioritários de seu mandato.
Apesar de ele reconhecer que a Europa e os EUA mantêm muitos valores compartilhados, ele acredita que as partes têm interesses diferentes na arena internacional.
"Precisamos de liberdade de ação na Europa. Precisamos desenvolver a nossa própria estratégia", disse. "Nós não temos as mesmas condições geográficas [dos EUA], nem as mesmas ideias sobre equilíbrio social, sobre o Estado de bem-estar. E essas são ideias que temos que defender."
Para o presidente Macron, a Europa precisa elaborar políticas próprias para tratar de temas regionais, e não mais depender das políticas "transatlânticas" formuladas no âmbito da OTAN.
"A política para o Mediterrâneo é um assunto europeu, e não transatlântico. O mesmo pode ser dito sobre a Rússia. Precisamos de uma política europeia [para a Rússia] e não somente de uma política transatlântica".
Ao falar sobre a política nuclear europeia, Macron defendeu que esta não deve ser conduzida como nos tempos da Guerra Fria, quando o papel de coordenação nesta área era exclusivo dos EUA.
"Agora temos que poder dizer claramente que queremos uma Europa soberana. Se queremos proteger nossos cidadãos, precisamos encarar esse aspecto [nuclear], e incluir nele a Alemanha", disse.
Como prova do comprometimento do presidente francês em incluir a Alemanha no processo decisório, Macron convidou representantes de Berlim para participar de diálogo estratégico sobre a política nuclear francesa, reportou a DW.
Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a França tornou-se a única potência nuclear do bloco. Paris encontra-se em posição privilegiada para coordenar as políticas de defesa nuclear da União Europeia e da OTAN.
"Nesse sentido, estamos preparados para conduzir exercícios [nucleares] conjuntos [com a OTAN] com o objetivo de desenvolver uma cultura estratégica comum", afirmou o presidente francês.
O otimismo de Macron quanto ao sucesso da colaboração franco-alemã na área de defesa foi corroborada pela ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer. Neste sábado (16), a ministra disse que "está de pleno acordo" com Macron.
"Temos instrumentos comuns, interesses comuns. Vamos finalmente criar uma vontade política comum", disse Kramp-Karrenbauer.
"Eu quero que o impacto da Alemanha na política de defesa e segurança europeia seja maior, que nossas ações sejam melhor coordenadas internacionalmente", disse a ministra.
Desde o dia 14 de fevereiro, representantes de governos e empresas de segurança estão reunidos na Conferência de Segurança de Munique, evento político-militar celebrado anualmente desde a década de 60.