A afirmação da ministra da Agricultura ocorreu durante um evento para exportadores em Brasília, na quinta-feira (13). A ministra ainda disse, segundo nota do Ministério da Agricultura, que "existe uma campanha clara contra o Brasil" devido ao tamanho do país e por suas "possibilidades de expandir".
Para comentar a questão, a Sputnik Brasil ouviu Hélio Sirimarco, economista e vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Para o economista a ministra está "coberta de razão" e é importante salientar que as movimentações citadas por Tereza Cristina partem de alguns países dentro do bloco europeu. Para Sirimarco, de fato há um comportamento protecionista na União Europeia.
"O sistema europeu é extremamente protecionista com relação aos agricultores. Isso aí sempre foi um ponto muito claro. Em termos de subsídios, em termos de vantagens, até para manter os produtores no campo", disse Sirimarco em entrevista à Sputnik Brasil.
Ao longo de 2019, o governo brasileiro foi alvo de críticas internacionais devido ao aumento do desmatamento de suas florestas e incêndios recordes na Amazônia. A questão gerou trocas de farpas entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente da França, Emmanuel Macron.
O economista, porém, acredita que há exageros dos europeus nas acusações feitas ao Brasil quanto ao desmatamento, uma vez que o país tem uma das maiores áreas preservadas no mundo e mantém uma legislação rígida nesse sentido. Sirimarco ressalta ainda que o empresariado rural apoia as iniciativas do governo diante das críticas estrangeiras.
"O empresariado apoia [as medidas] e o governo tem se se posicionado de forma bastante incisiva com relação a isso. Todas as associações tem mostrado seu apoio ao governo e às decisões do governo", afirma o economista.
O vice-presidente da SNA acredita que a ratificação do acordo União Europeia-Mercosul não deve enfrentar resistência dentro da América do Sul, mas que alguns países europeus ainda são uma incógnita em relação a isso.
"O problema são alguns países da Europa, França, Holanda. Enfim, alguns países que têm problemas políticos e que seus líderes estão meio que tentando acomodar as situações internas usando um acordo desses", afirma.
Mesmo diante dos possíveis entraves, o economista se diz confiante de que o acordo será aprovado pelos parlamentos locais.
"Há um interesse maior. A comunidade europeia está passando por um momento complicado com a saída da Inglaterra. Há problemas políticos, a economia não está bem, a economia alemã não está bem. Enfim, é um momento delicado, mas acho que no final da história vai prevalecer o acordo", avalia.