Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, reagiu à publicação de dados da Operação Rubicon, classificando os EUA como "império de hackers".
"Os fatos mostram que os EUA são o país líder em operações de espionagem no mundo virtual, por isso são literalmente um império de hackers", disse Geng em briefing.
Para o porta-voz, as operações de espionagem norte-americanas atingiram um nível sem precedentes de "caos, desordem e ilegalidade".
"E, ao mesmo tempo, os EUA se colocam como vítimas de ataques cibernéticos", lamentou o porta-voz.
A Rubicon consistiu em uma operação das agências de segurança dos EUA e da Alemanha, que, durante meio século, obtiveram acesso à correspondência secreta de mais de 120 países do mundo.
As investigações revelam que os serviços secretos da Alemanha e dos EUA utilizaram a empresa suíça fornecedora de equipamentos de criptografia Crypto AG para obter informações sobre seus clientes entre as décadas de 1950 e 2012.
A Crypto AG era secretamente controlada pela agência de inteligência dos EUA, a CIA, que interceptava as mensagens trocadas pelos clientes da empresa, como os governos do Irã, da Arábia Saudita, Vaticano, Argentina, Chile, entre muitos outros.
O jornal norte-americano Washington Post revelou como a Operação Rubicon ajudou os EUA a manterem o controle das ditaduras latino-americanas durante a segunda metade do século XX, coordenando-a com a Operação Condor.
Ataques cibernéticos
De acordo com as autoridades chinesas, grande parte dos ataques cibernéticos cometidos atualmente são perpetrados pelos EUA.
Em relatório publicado pelo Centro Estatal de Reação Rápida a Situações Emergenciais na Internet da China, publicado em 2019, o órgão sustenta que servidores nos EUA são utilizados para introduzir vírus e conduzir ataques a "computadores ativos" na China.
Os especialistas chineses acreditam que, em 2018, cerca de 14 mil servidores dos EUA conseguiram estabelecer o controle sobre 3,3 milhões de computadores-host chineses. Naquele ano, cerca de 2.607 sites chineses foram infectados por 3.325 endereços IP norte-americanos, diz o documento.
O diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade da Amizade dos Povos (RUDN, na sigla em russo), Pavel Feldman, acredita que os EUA têm a China como alvo prioritário de suas operações cibernéticas.
"Na China, os americanos têm interesse em obter informações nas áreas de medicina, saúde, biotecnologia. A China faz pesquisas que possuem limitações nos EUA, por isso eles têm interesse em realizar espionagem cibernética nessas áreas", disse Feldman à RT.
Os autores do relatório do governo chinês concluíram que os EUA foram capazes de construir uma rede de servidores na China, capaz de atacar indústrias, além dos sistemas de infraestrutura e telecomunicações do país.
Para os especialistas, os ataques cibernéticos teriam o objetivo de impedir que a China realize o seu potencial econômico.
Guerra Cibernética
Mas a China não é o único alvo de Washington quando o assunto é guerra cibernética.
Na semana passada, o general iraniano Golamrez Djalali informou que os EUA realizaram um ataque de grandes proporções à infraestrutura do país.
Em maio de 2019, um grupo de hackers norte-americanos teria invadido e interrompido a operação da usina hidrelétrica venezuelana de Guri, de acordo com Caracas.
Como resultado do ataque, 80% do território venezuelano ficou sem energia elétrica por alguns dias, no que o jornal local El Nacional classificou como o maior blackout da história da Venezuela.
Em setembro de 2018, a Casa Branca aprovou a nova versão de sua Estratégia de Segurança Cibernética, a qual dá carta branca para que agências de inteligência do país realizem tanto operações de defesa, quanto ofensivas na esfera virtual.
De acordo com o documento, Washington deve monitorar com maior atenção as atividades cibernéticas de países como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte.