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Política de Bolsonaro pode gerar tragédias aos povos indígenas isolados, diz especialista

© Folhapress / Ladeira/FolhapressÍndios kayapó protestam em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 2 de fevereiro de 2015. Eles bloquearam a entrada principal do palácio e pediram para ser recebidos por ministros e pela presidente Dilma Rousseff.
Índios kayapó protestam em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 2 de fevereiro de 2015. Eles bloquearam a entrada principal do palácio e pediram para ser recebidos por ministros e pela presidente Dilma Rousseff. - Sputnik Brasil
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Um levantamento mostrou que o Brasil é o país que possui o maior número de comunidades indígenas isoladas.

Segundo o estudo feito pelo Observatório dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, há no banco de dados da Funai 28 registros confirmados de grupos isolados em seis estados. Mas existem ainda 86 registros que precisam de pesquisas para a confirmação, que podem totalizar 114 grupos em dez estados.

Especialistas ouvidos pela TV Globo, estimam que pelo menos mil brasileiros vivem nesta condição.

No entanto, em entrevista à Sputnik Brasil, Cléber Buzatto, secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é enfático ao dizer que esses povos correm perigo.

"Na nossa avaliação há um risco muito forte e iminente de que ocorram tragédias contra povos indígenas na Amazônia, especialmente contra povos não contatados, povos livres ou de recente contato", afirmou.

Segundo Cléber Buzatto, a política do estado brasileiro se manteve historicamente na linha de respeitar a decisão desses povos de se manterem isolados e não buscarem contato, mas há uma sinalização de uma suposta mudança nessa política por parte do presidente Jair Bolsonaro.

"A nossa preocupação é grande porque o governo Bolsonaro dá indicativos de que pode mudar essa política e retomar a política dos contatos forçados, que era a política adotada durante a ditadura militar. Esses contatos forçados se davam para que os territórios ocupados por esses povos fossem 'liberados' para a colonização por parte de particulares, isso evidentemente afronta os ditames constitucionais brasileiros", afirmou.

Cléber Buzatto explicou que o motivo que faz com que o contato forçado represente um perigo para esses povos, é o fato de que comunidades indígenas isoladas são muito vulneráveis a uma série de doenças.

"Os povos isolados não têm mecanismos de defesa contra uma série de doenças e vírus que as populações contatadas podem levar para essas populações. Na ocorrência de algo dessa natureza o risco de uma redução populacional drástica é muito grande", explicou.

Além de exposição a doenças a que não estão acostumados, os povos isolados podem ser vítimas de violência.

"Nós temos situações em que as terras ocupadas por esses grupos estão sendo invadidas por grupos ligados ao agronegócio, mineração e indústria madeireira. Há o risco de que esses grupos indígenas sejam atacados de forma violenta pelos invasores, então tem um risco adicional, um risco duplicado e extremamente grave também", completou.
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