A informação inicial havia sido adiantada pelo The Wall Street Journal no passado dia 16.
Contudo, o presidente dos EUA, Donald Trump, apressou-se no dia de ontem (19) a afirmar não pretender proibir que empresas americanas vendam certos produtos de alta tecnologia para a China, como chips ou os motores de aeronaves fabricados pela General Electric, informa o portal China Daily.
Segundo o presidente dos EUA, o pretexto da segurança nacional não pode servir para causar prejuízos às empresas norte-americanas.
No entanto, vale recordar que o confronto tecnológico entre a China e os EUA foi desencadeado, em primeiro lugar, por razões de segurança nacional.
Trump alegou à época que a Huawei não deveria ser autorizada a entrar no mercado dos EUA porque a tecnológica chinesa representava uma ameaça à segurança nacional.
A este argumento, a administração Trump acrescentou o da proteção da propriedade intelectual norte-americana.
Assim, todas as restrições ao fornecimento de produtos de alta tecnologia foram justificadas com a necessidade de proteger a propriedade intelectual dos EUA.
Alegava a administração Trump que a China, obtendo produtos tecnológicos norte-americanos, os copiaria, sem investir em pesquisa e desenvolvimento e ganhando dessa forma uma vantagem competitiva injusta.
"Apesar de suas recentes declarações [de ontem, 19], Trump ainda deseja frear o desenvolvimento da China por todos os meios possíveis", afirmou à Sputnik China Wang Zhimin, diretor do Instituto de Globalização e Modernização da China da Universidade de Negócios Internacionais e Economia (UIBE, na sigla em inglês).
Vender ou não vender, eis a questão
Contudo, Trump não pode ignorar os interesses de seu país, sabendo perfeitamente que a rivalidade entre as duas superpotências faz mais mal do que bem, prosseguiu o cientista político.
É bem ilustrativo deste fato a questão dos 5.000 motores General Electric (GE) para aeronaves que a China pretendia adquirir nos EUA.
"Por exemplo, se Trump proibir o fornecimento de motores de avião para a China, isso não só terá um efeito negativo sério para a China, mas também para os EUA", explicou Wang Zhimin.
Mas os danos para os EUA seriam mais graves, já que a China retaliaria, podendo perfeitamente adquirir motores a outros fabricantes, desenvolver suas próprias tecnologias e reduzir as encomendas de aviões Boeing.
Os responsáveis da GE alegam que seus produtos têm sido fornecidos ao mercado chinês há muitos anos, pelo que a China, se quisesse, já teria começado a copiar a tecnologia há muito tempo.
Para além disso "a produção de componentes para produtos de alta tecnologia [...] está dispersa por todo o mundo. A China, por exemplo, também produz componentes de aeronaves. Geralmente, apenas componentes-chave são produzidos no país de origem do fabricante", explicou Wang Zhimin.
O especialista referiu ainda que, em um mundo globalizado, é impossível controlar o desenvolvimento tecnológico de outros países e que é uma questão de tempo até a China começar a produzir motores de qualidade.
Se o embargo à venda dos motores fosse avante, tal somente significaria a perda de receitas por parte dos norte-americanos, concluiu Zhimin.
Mas, segundo Trump escreveu em seu tweet, "Queremos vender produtos e mercadorias para a China e outros países. É isso o comércio". Caso contrário, "as encomendas irão para outro lugar. Como exemplo, eu quero que a China compre nossos motores a jato, os melhores do mundo", precisou o presidente norte-americano.