O presidente dos EUA, Donald Trump, ofereceu em 2017 perdão ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em troca de garantias de que a Rússia não estava envolvida no vazamento de e-mails do Partido Democrata, noticiou o jornal The Guardian com referência ao tribunal.
O congressista Dana Rohrabacher da Casa dos Representantes havia defendido no Fox News o atual presidente norte-americano em abril de 2017, como divulgou o jornal Politico na época. Trump então convidou Rohrabacher à Casa Branca.
Em setembro de 2017, a Casa Branca afirmou que o congressista chamou o então chefe de gabinete, John Kelly, para falar sobre um possível acordo com Assange, mas que Kelly não havia informado Trump do caso, algo confirmado pelo próprio Rohrabacher em seu blog.
Acusações repelidas
A atual porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, rejeita veementemente a acusação, dizendo que Trump mal conhece o representante. "É uma fabricação completa e uma mentira total. É provavelmente mais uma farsa sem fim e uma mentira total do DNC [Comitê Nacional Democrata]."
O próprio congressista norte-americano também nega que a administração Trump tenha lhe pedido para oferecer esse acordo.
"Em nenhum momento eu falei com o presidente Trump sobre Julian Assange", escreveu. "Eu também não fui dirigido por Trump nem por ninguém ligado a ele, para me encontrar com Julian Assange. Era a minha própria missão de descobrir os fatos, com custos pessoais, para descobrir informações que eu achava importantes para nosso país."
"Eu disse a ele [Trump] que Julian Assange forneceria informações sobre os e-mails do DNC em troca de um perdão. Ninguém me acompanhou, incluindo o chefe [do gabinete] Kelly, e essa foi a última discussão que tive sobre esse assunto com alguém representando Trump ou sua administração", assegura Rohrabacher.
Dana Rohrabacher disse que não teve sucesso em levar a mensagem ao presidente norte-americano, mas continua pedindo-lhe para perdoar Julian Assange, que considera "o verdadeiro denunciante do nosso tempo".
Opinião de ex-especialista independente da ONU
Alfred de Zayas, ex-especialista independente da ONU, considera que, com ou não a permissão do presidente norte-americano, é possível que o congressista norte-americano ofereceu a Assange um perdão presidencial em troca de cooperação, relata a Sputnik Internacional.
"Se isso aconteceu, certamente não foi uma oferta a Assange para mentir", acredita. "Assange não teria precisado mentir, porque as evidências indicam que o DNC não teve vazamentos de hackers russos. O próprio Assange disse que a fonte não era o governo russo", ressaltou Zayas.
Caso de Julian Assange
Em abril de 2019, o Equador suspendeu o status do ativista, que foi preso pela Polícia britânica dentro da embaixada do país em Londres. Reino Unido acusa Assange de não comparecer perante o juiz durante liberdade sob fiança.
Se o tribunal decidir contra o diretor do WikiLeaks, este pode enfrentar até 175 anos de prisão por acusações de espionagem nos EUA devido à publicação de documentos confidenciais, em colaboração com Chelsea Manning, que também está presa, só que nos EUA.
O processo judicial de extradição de Julian Assange começa na segunda-feira (24). O caso deve durar vários meses.
A potencial pena longa de prisão foi considerada "absurda" pelo relator especial da ONU sobre Tortura, Nils Melzer, uma vez que os "principais criminosos de guerra no tribunal da Iugoslávia foram condenados a 45 anos", apontou.