Os EAU são um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo. Em 2019 foram extraídos aproximadamente 2,9 milhões de barris por dia, o que representa em torno de um terço do PIB do país árabe, comenta Vanand Meliksetian em seu artigo para a publicação Oilprice.
Apesar de sua impressionante capacidade de produção, o país segue dependente em grande medida do gás natural importado para satisfazer a demanda interna. Um terço do gás do país é fornecido pelo vizinho Qatar. As tensas relações políticas entre os dois países, devido ao apoio dos EAU ao bloqueio dirigido pela Arábia Saudita, criam uma relação comercial incômoda.
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No começo deste mês, os Emirados Árabes anunciaram a descoberta da maior jazida de gás desde 2005. O campo de Jebel Ali contém 80 bilhões de pés cúbicos de referência padrão de gás. Tem o potencial de tornar o país autossuficiente.
"A descoberta de um enorme campo de gás nos EAU melhora a segurança energética do país e pode transformar o entorno geopolítico regional", analisa Meliksetian.
Contudo, segundo Samer Mosis, analista da S&P Global Platts Analytics, "ainda que o descobrimento tenha o potencial de deixar os Emirados Árabes Unidos um passo mais próximos da autossuficiência de gás, restam importantes incógnitas em torno dos custos e volume de desenvolvimento". Isso poderia significar que a autossuficiência é mais difícil e custosa de alcançar do que se prevê atualmente.
O desenvolvimento do campo de gás levará anos, durante os quais os EAU dependerão do gás natural importado. O país está obrigado por contrato a seguir importando o produto do vizinho Qatar.
Ainda que o Qatar continue a ser um exportador confiável apesar do bloqueio, a dependência energética não é uma posição de equilíbrio para Abu Dhabi.
O gás natural poderia se converter em um importante pilar de crescimento a curto e médio prazo. Embora se preveja que o consumo de petróleo alcance seu ponto máximo em torno de 2030, a quota de gás natural seguirá crescendo. Desta forma, uma indústria nacional de GNL poderia se converter em uma parte importante da carteira energética dos Emirados Árabes Unidos, conclui Meliksetian.