A descoberta foi anunciada na quarta-feira (26) no portal PLOS ONE.
Apesar de aparentemente bem conservado, os ossos estão em grande medida decompostos e quimicamente adulterados, restando muito pouco da estrutura original.
A rapidez é um requisito fundamental de proteção dos necrófagos, por exemplo. A decomposição por microrganismos pode, por seu turno, ser evitada por aridez extrema e por pressão do sedimento em cima do fóssil garante sua solidificação.
"Essa é a teoria", diz Jonas Barthel, um dos autores do estudo. "Como se processa exatamente a fossilização é ainda sujeito a pesquisa científica intensiva."
O âmbar é considerado um excelente conservante. Pequenos seres podem ficar enclausurados em uma gota de resina de árvore que endurece com o tempo.
A equipe de geocientistas da Universidade de Bonn, na Alemanha, fez o achado incomum na República Dominicana.
A pata de um lagarto do género Anolis está encerrada em um pedaço de âmbar de apenas cerca de dois centímetros cúbicos de tamanho.
A espécie de lagartos Anolis subsiste ainda hoje em dia.
A descoberta é surpreendente por ser muito raro encontrar vertebrados enclausurados em âmbar.
"As inclusões de vertebrados em âmbar são muito raras, a maioria são fósseis de insetos", diz Barthel.
Tomografia detectou que a pata estava quebrada em dois lugares, o que indicia que o lagarto teria sido vítima de um predador.
Mas as garras e os dedos estão claramente visíveis dentro do âmbar marrom mel, quase como se a resina da árvore tivesse acabado de pingar, e não há 15 a 20 milhões de anos.
Âmbar não protege completamente os fósseis
Ao contrário do que se pensava até aqui, o âmbar não blinda o fóssil.
"Isto é surpreendente, porque sempre pensamos que o âmbar circundante protegia amplamente o fóssil de influências ambientais", disse Barthel.
Por isso, apesar do aparente muito bom estado de preservação, na verdade, havia muito pouco da estrutura original remanescente do tecido, não tendo sido possível detectar moléculas mais complexas, como proteínas.
O âmbar é normalmente considerado o conservante ideal. Graças à resina das árvores, a ciência logrou importantes conhecimentos sobre o mundo dos insetos de há milhões de anos.
Mas os cientistas alemães autores do estudo receiam que os ácidos da resina possam ter acelerado o processo de degradação dos tecidos ósseos.
"Mas as análises finais ainda estão pendentes", rematou o autor principal do estudo, professor Jonas Marthel.