Saiba como 2 submarinos nucleares soviéticos realizaram lendária volta ao mundo

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Um submarino soviético do projeto 613 (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Em fevereiro e março de 1966, os submarinos soviéticos K-116 e K-133 realizaram uma navegação sem precedentes através dos oceanos Atlântico e Pacífico.

Com a missão de reforçar a Frota do Pacífico da Marinha soviética, os submarinos nucleares K-116 e K-133 receberam ordens de partir da base naval de Zapadnaya Litsa, no mar de Barents, no dia 2 de fevereiro de 1966.

Antes do início da viagem, foram analisadas três possíveis rotas de navegação, conforme publicou o portal Russkoe Oruzhie.

A primeira ia do mar de Barents até à passagem de Drake, na ponta mais setentrional da América do Sul, cruzando o oceano Atlântico de norte a sul, até sua fronteira com a Antártica.

A segunda rota previa fazer o périplo africano até atingir o estreito de Malaca e Singapura, subindo em seguida até o norte do oceano Pacífico.

Já a terceira rota também incluía o périplo africano, com a diferença de passar pela Austrália. Das três rotas, o almirante da frota, Sergei Gorshkov, escolheu a primeira, pela passagem de Drake.

Rota difícil

Durante a navegação, de 52 dias, os submarinos mantiveram contato entre si usando aparelhos hidro-sonoros.

Além disso, os submarinos navegavam quase sempre submersos, só subindo de tempo em tempo até a profundidade de periscópio para verificar sua localização.

Para combater o estresse dos marinheiros, o aniversário dos membros das tripulações era celebrado a bordo, assim como outras festividades.

Os submarinistas também elaboravam um jornal manuscrito com crônicas, versos poéticos, ensaios e desenhos.

Durante a navegação de 21 mil milhas náuticas (cerca de 39 mil km), os submarinos só subiram à superfície uma vez: no início da passagem de Drake, conhecida pelas suas péssimas condições meteorológicas e a presença de icebergs.

Segundo o cientista nuclear Anatoly Chechurov, que seguia a bordo do K-116, o trecho pela passagem de Drake foi o mais difícil de toda a rota. Ao total, sete dias foram necessários para cruzar a área.

Enganando a Marinha americana

Um dos objetivos da missão era os submarinos não serem detectados pelos navios americanos.

Para tanto, por vezes os submarinos tinham que se distanciar um do outro, e encontrar-se em um ponto pré-determinado.

De acordo com a mídia, a estratégia funcionou, visto que os militares americanos só souberam da presença dos submarinos soviéticos na Frota do Pacífico após estes terem terminado a missão.

Fim da jornada

Em 26 de março de 1966, às 4h26, as embarcações chegaram ao destino final, a costa da região russa de Kamchatka, sendo recebidas por destróieres soviéticos. A missão tinha sido um sucesso.

Logo em seguida, para surpresa da Inteligência militar dos EUA e da OTAN, ambos os submarinos foram incorporados à flotilha militar de Kamchatka.

Devido à sua bravura e à realização desta missão sem precedentes, seis oficiais, incluindo os comandantes dos submarinos, os segundo-capitães Vyacheslav Vinogradov (K-116) e Lev Stolyarov (K-133), foram condecorados com medalhas de Herói da União Soviética.

Outros membros das tripulações também receberam condecorações e medalhas.

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