Com a missão de reforçar a Frota do Pacífico da Marinha soviética, os submarinos nucleares K-116 e K-133 receberam ordens de partir da base naval de Zapadnaya Litsa, no mar de Barents, no dia 2 de fevereiro de 1966.
Antes do início da viagem, foram analisadas três possíveis rotas de navegação, conforme publicou o portal Russkoe Oruzhie.
A primeira ia do mar de Barents até à passagem de Drake, na ponta mais setentrional da América do Sul, cruzando o oceano Atlântico de norte a sul, até sua fronteira com a Antártica.
A segunda rota previa fazer o périplo africano até atingir o estreito de Malaca e Singapura, subindo em seguida até o norte do oceano Pacífico.
Já a terceira rota também incluía o périplo africano, com a diferença de passar pela Austrália. Das três rotas, o almirante da frota, Sergei Gorshkov, escolheu a primeira, pela passagem de Drake.
Rota difícil
Durante a navegação, de 52 dias, os submarinos mantiveram contato entre si usando aparelhos hidro-sonoros.
Além disso, os submarinos navegavam quase sempre submersos, só subindo de tempo em tempo até a profundidade de periscópio para verificar sua localização.
Para combater o estresse dos marinheiros, o aniversário dos membros das tripulações era celebrado a bordo, assim como outras festividades.
Os submarinistas também elaboravam um jornal manuscrito com crônicas, versos poéticos, ensaios e desenhos.
Durante a navegação de 21 mil milhas náuticas (cerca de 39 mil km), os submarinos só subiram à superfície uma vez: no início da passagem de Drake, conhecida pelas suas péssimas condições meteorológicas e a presença de icebergs.
Segundo o cientista nuclear Anatoly Chechurov, que seguia a bordo do K-116, o trecho pela passagem de Drake foi o mais difícil de toda a rota. Ao total, sete dias foram necessários para cruzar a área.
Enganando a Marinha americana
Um dos objetivos da missão era os submarinos não serem detectados pelos navios americanos.
Para tanto, por vezes os submarinos tinham que se distanciar um do outro, e encontrar-se em um ponto pré-determinado.
De acordo com a mídia, a estratégia funcionou, visto que os militares americanos só souberam da presença dos submarinos soviéticos na Frota do Pacífico após estes terem terminado a missão.
Fim da jornada
Em 26 de março de 1966, às 4h26, as embarcações chegaram ao destino final, a costa da região russa de Kamchatka, sendo recebidas por destróieres soviéticos. A missão tinha sido um sucesso.
Logo em seguida, para surpresa da Inteligência militar dos EUA e da OTAN, ambos os submarinos foram incorporados à flotilha militar de Kamchatka.
Devido à sua bravura e à realização desta missão sem precedentes, seis oficiais, incluindo os comandantes dos submarinos, os segundo-capitães Vyacheslav Vinogradov (K-116) e Lev Stolyarov (K-133), foram condecorados com medalhas de Herói da União Soviética.
Outros membros das tripulações também receberam condecorações e medalhas.