No mundo acadêmico a Guerra do Paraguai é considerada como um dos eventos mais importantes no Cone Sul.
Para o Brasil, a guerra foi importante para a formação do Exército, como o conhecemos hoje, e aproximou o Rio de Janeiro, então capital do Império, com a República da Argentina.
É válido ressaltar que o conflito armado teve fim simbólico em 1º de março de 1870, quando se deu a morte do então presidente paraguaio, Francisco Solano López.
Contudo, em entrevista à Sputnik Mundo o historiador León Pomer qualificou como "genocídio" a guerra "articulada" do Uruguai, Argentina e Brasil contra o Paraguai.
"José Gaspar Rodríguez de Francia [ex-político paraguaio] [...] começou a desenvolver uma política independente e autônoma da grande potência do momento, o Reino Unido", afirmou Pomer.
Desta forma, o especialista indicou que o Paraguai do século XIX se esforçava para criar uma política autônoma de Londres.
Para ele, o Paraguai era uma "nota dissonante" na região e no mundo, o que teria sido a razão do "ataque" da Tríplice Aliança (Uruguai, Argentina e Brasil). Além disso, o governo paraguaio do momento estaria "voltado unicamente ao interesse do povo paraguaio e da população indígena".
Influência britânica?
Enquanto alguns acadêmicos julgam como inexpressiva a influência do Reino Unido no cenário que levou à Guerra do Paraguai, o especialista afirma que o conflito "foi financiado com fundos autorizados pelo Foreign Office [chancelaria britânica]".
"Uma disposição do governo inglês proibia a venda de armas aos Estados ribeirinhos do rio Paraguai e Uruguai. Mas [ela] não valia para os portos do Atlântico, que eram brasileiros", afirmou Pomer.
Paraguai, 'fonte de receio para seus vizinhos'
O alegado nível de desenvolvimento do Paraguai no momento seria uma fonte de receio entre as elites de seus países vizinhos.
"O grupo de poder de Buenos Aires, para organizar sua expansão sobre o resto do espaço que logo seria nacional, deveria liquidar primeiro o governo uruguaio, do Partido Blanco, e eliminar o Paraguai, um mau exemplo", opinou o historiador.
Para o historiador, hoje o país apresenta "alguns dos piores indicadores sociais da América Latina" e sua estrutura econômica está "transformada radicalmente", fatos que classificou como consequências da guerra.