A Noruega encomendou à norte-americana Lockheed Martin 52 caças F-35 para substituir sua frota envelhecida de F-16, esperando-se que a entrega dos jatos se efetue até 2025.
Presentemente, o reino nórdico já dispõe de 15 novos F-35, que recentemente iniciaram a sua primeira missão, a de policiamento aéreo na Islândia.
Com um custo estimado do programa de US$ 10,4 bilhões (R$ 48,33 bilhões), as autoridades norueguesas aparentam ter descurado o fator humano.
Em um relatório do Escritório do Auditor-Geral, que o Ministério da Defesa norueguês tentou manter a todo o custo confidencial, mas que foi divulgado pelo jornal Klassekampen, foi revelada uma situação crítica de falta de técnicos de voo, quer por abandono de quadros como por dificuldades de recrutamento.
Segundo o jornal, há muito tempo que o problema dos técnicos militares era conhecido.
Os técnicos de defesa aérea são treinados em um centro situado nos arredores da cidade de Kristiansand. Com capacidade de treinamento anual de 40 especialistas, só conseguem formar cerca de metade.
"Temos um déficit de 20 a 25 pessoas a cada ano", disse Torbjorn Strand, chefe da Associação de Oficiais Noruegueses em Kjevik, ao Klassekampen. "Vai haver consequências. Vai haver colapso. Nós não conseguiremos colocar os aviões no ar", rematou de forma perentória.
A associação acredita que os problemas se devem em grande parte à reforma educacional das Forças Armadas de 2016, quando a Força Aérea optou por terceirizar a preparação de técnicos de voo, reduzindo ao mínimo sua própria escola de formação.
O relatório do Escritório do Auditor-Geral, que classifica a situação como "séria", passou por várias comissões parlamentares antes de ser finalmente tratado pelo parlamento a portas fechadas em fevereiro.
O porta-voz da Defesa, major Stian Roen, garantiu que as Forças Armadas estão fazendo todos os esforços para conseguir técnicos suficientes, rejeitando, contudo, a gravidade da situação.
"A Força Aérea precisa de um número significativo de técnicos de voo todos os anos para a próxima década", disse Roen ao Klassekampen.
"Temos um bom plano e uma série de medidas para aumentar o número de técnicos de voo na Força Aérea no futuro", estando a ser implementadas todas as medidas necessárias para aumentar o recrutamento, garantiu Roen.
Para além dos receios de verem a dispendiosa frota em terra, os noruegueses começam a considerar que se estaria perante o maior erro de investimento do país, agravado pela falta de técnicos, pilotos e hangares, e uma conta de manutenção disparando.