O editor de economia da Bloomberg, Peter Coy, alertou que os EUA podem ter entrado em recessão no mês de fevereiro, interrompendo o período de expansão econômica no país.
Para ele, o mês de fevereiro pode ter sido o pico do período de expansão contínua da economia norte-americana iniciado em junho de 2009. A era de bonança teria tido longevidade de 128 meses, um recorde na história dos EUA.
"Esta não seria a primeira vez que os EUA entram em uma recessão econômica sem se darem conta disso", escreveu Coy.
O especialista lembra que, depois de ter começado a recessão de 2008, o Departamento do Tesouro norte-americano fazia previsões otimistas para o desempenho da economia dos EUA. "Hoje sabemos [...] que a recessão econômica já havia sido iniciada em dezembro do ano anterior", conta.
Novas pesquisas, publicadas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), apontam que a economia dos EUA já se encontrava vulnerável antes mesmo da chegada do coronavírus ao país.
Em janeiro, a probabilidade de que a economia entrasse em recessão entre janeiro e julho de 2020 era de 70%, estipulou o MIT.
A queda brusca no desempenho do mercado de ações norte-americano desde janeiro "irá prejudicar o crescimento ao fazer as famílias se sentirem mais pobres e as empresas mais pessimistas", acredita Coy.
Nesse contexto, "a COVID-19 está impactando uma economia menos robusta do que aparentava". Indicadores negativos na atividade industrial e na curva de retorno do Tesouro dos EUA devem acender algumas luzes vermelhas para investidores.
Poucos economistas se aventuram em dizer que a economia dos EUA já se encontra em recessão, concedeu o especialista, mas alguns já admitem que um período de retração econômica é eminente.
O economista chefe da Moody's Analytics, Mark Zandi, acredita que a probabilidade de recessão na economia dos EUA neste ano é de, no mínimo, 50%.
No mercado de ações as previsões são bem mais pessimistas. Para John McClain, administrador de portfólios de investimentos na Diamond Hill Capital Management, "hoje foi o primeiro dia em que vimos um certo pânico no mercado".
Na era do coronavírus "o beijo não é recomendável", mas deveríamos estar nos preparando "para dar um beijo de despedida" no crescimento da economia norte-americana, concluiu o especialista em seu artigo publicado na Bloomberg.
Nesta segunda-feira (9), os preços do petróleo recuaram em cerca de 31%, após a Arábia Saudita cortar o valor do barril e iniciar uma verdadeira guerra de preços. A decisão saudita foi tomada após a reunião entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia não ter chegado a consenso sobre cortes na produção, para ajustar a oferta em meio à propagação do coronavírus.