Dentro do Congresso Nacional, especula-se sobre uma possível suspensão das atividades até abril como forma de precaução diante do vírus. A preocupação aumentou devido ao recente teste positivo do secretário de Comunicação do Governo Federal, Fabio Wajngarten.
A medida preocupa, uma vez que cresce também a expectativa sobre os impactos da crise econômica que acompanha o surto da COVID-19 mundo afora. O cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, afasta a possibilidade que considera "a última medida" a ser tomada.
"Eu diria que essa seria uma última medida, porque nesse momento a questão não é só na área da Saúde", avalia o professor em entrevista à Sputnik Brasil.
Ismael ressalta que a pandemia tem também efeitos econômicos com os quais o Congresso terá que lidar.
"Nesse sentido é necessário que tanto o Poder Executivo, em particular o ministro da Economia, possa encaminhar propostas ou medidas para o Congresso e o Congresso possa analisar de uma maneira rápida, célere, para que o país não vá viver, ao lado de uma crise da área de saúde, também uma crise na economia", afirma.
O cientista político lembra que uma possível paralisação interromperia discussões políticas importantes, como as reformas administrativa e tributária. Ambas vêm sendo tema de disputas políticas em Brasília e são vistas pelo Ministério da Economia como cruciais para o crescimento econômico brasileiro.
Porém, Ismael ressalta que, mesmo sem a crise pandêmica que atinge o Brasil, as reformas teriam pouco tempo de discussão no país.
"Você tem um calendário eleitoral no segundo semestre que forçosamente levará os parlamentares a colocar um foco cada vez maior nas eleições municipais", aponta o professor, referindo-se às eleições municipais deste ano.
Para o pesquisador, é evidente que a Saúde tornou-se a prioridade do governo, mas que ainda é necessário manter a discussão econômica caminhando.
"É necessário dar uma atenção à questão econômica. Nesse caso eu diria que esse é o segundo ponto de prioridade na pauta, depois viria a questão das reformas", opina.
Ricardo Ismael conclui lembrando da disputa entre Congresso e Executivo, que tem dado o tom das pautas do Congresso nos últimos meses. Para ele, esse é mais um nó a ser desfeito para que as reformas caminhem.
"Essa briga, ou essa disputa política, que provavelmente deve continuar até o final do governo, já que o governo não quer fazer aquele caminho traçado pelo Fernando Henrique e pelo Lula, mas acho que tem que ir para algum espaço aí para negociação, para acordos, para estabelecer pelo menos uma agenda mínima", conclui.