Investidores estão deixando os mercados emergentes e colocando todos os seus recursos na moeda norte-americana, considerada o ativo mais seguro do mercado de moedas. Nem mesmo o corte na taxa de juros anunciado nesta semana pelo Tesouro dos EUA reduziu a demanda pelo dólar.
Para os mercados emergentes, a alta da moeda norte-americana representa um aumento nas suas dívidas contraídas em dólar.
O dilema dos bancos centrais de países emergentes é que medidas de estímulo à economia, como o corte da taxa de juros, pode desestabilizar ainda mais as suas moedas, reportou a Bloomberg.
"A alta do dólar é mais um golpe nos mercados emergentes", disse Mitul Kotecha, estrategista da TD Securities, em Singapura. "A demanda pelo dólar superou qualquer problema que a moeda poderia enfrentar após o Tesouro [dos EUA] realizar corte significativo na taxa de juros."
O Banco Central da Turquia anunciou corte nas suas taxas de juros, seguindo o exemplo de outros mercados emergentes, como Coreia do Sul, Chile e Vietnã.
O Brasil deve cortar as suas taxas de juros nesta quarta-feira (18). Na segunda-feira (16), uma reunião emergencial do conselho monetário liberou R$ 56 bilhões para fornecer liquidez aos bancos.
Após as medidas, o real reagiu e deu sinais de valorização, mas acabou sofrendo queda acentuada. Desde o dia 9 de março, as transações na Bovespa já foram interrompidas cinco vezes pelo circuit breaker.
Alta do dólar e recessão
Estudo publicado pelo Banco de Compensações Internacionais mostra que, desde a crise de 2008, altas inesperadas no valor do dólar levam à depressão nos fluxos comerciais globais.
Uma das possíveis razões pela queda seria a dificuldade de países emergentes acessarem crédito, acredita o estudo.
A fuga de recursos dos países emergentes já atingiu níveis recordes, registrando US$ 30 bilhões (cerca de R$ 153 bilhões) em 45 dias, em meio à propagação do coronavírus, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais.
Para reduzir os danos da tendência de alta do dólar, bancos centrais devem coordenar suas opções de política monetária. No domingo (15), o Tesouro dos EUA coordenou o corte nas suas taxas de juros com outros cinco bancos centrais, emulando medidas tomadas para mitigar os efeitos da crise financeira de 2008.
Nesta quarta-feira (18), o dólar abriu o pregão em alta, negociado acima da marca de R$ 5, em mais um dia de altas históricas. Os investidores e o mercado aguardam o anúncio do corte de juros, que deverá ser divulgado nesta quarta-feira (18), às 18h do horário de Brasília.