Os buracos negros supermassivos, ao contrário dos estelares que são originados a partir da evolução de estrelas de massa elevada, formam-se por imensas nuvens de gás ou por aglomerados de milhões de estrelas colapsadas.
Sendo assim, como é possível que, como observado recentemente, os buracos negros supermassivos já estivessem presentes quando o Universo, que agora tem 14 bilhões de anos de idade, tinha "apenas" 800 milhões de anos?
Um estudo recente de cientistas de Trieste, na Itália, analisado pelo portal Phys.org, oferece novas pistas sobre a datação da presença desses buracos negros no Universo.
Recorrendo a um modelo teórico de sua autoria, os estudiosos propuseram que o processo de formação dos buracos negros supermassivos teria sido muito mais rápido em suas fases iniciais, ao contrário do que até aqui se pensava, que teria sido bem mais lento.
Monstro cósmico que cresce no centro das galáxias
O crescimento de buracos negros supermassivos ocorre nas regiões centrais das galáxias, onde a formação estelar é extremamente intensa.
Mas as estrelas subsistem pouco tempo, evoluindo rapidamente para enormes buracos negros estelares. Chegados às regiões centrais das galáxias, fundem-se, "criando a semente do buraco negro supermassivo", lê-se no artigo, citado pelo portal.
"De acordo com as teorias clássicas, um buraco negro supermassivo cresce no centro de uma galáxia capturando a matéria circundante, principalmente gás, crescendo sobre ela e finalmente devorando-a a um ritmo proporcional à sua massa", por isso era entendido que se trataria de um crescimento lento, disseram os pesquisadores.
O que os cientistas descobriram
Contudo, cientistas italianos demonstraram que o processo era muito mais rápido do que era tido como certo até agora.
Segundo seus cálculos, buracos negros supermassivos poderiam ter se formado também no início do Universo, ou seja, 800 milhões de anos após o Big Bang.
Provando, matematicamente, que sua existência era possível em um jovem Universo, os resultados da pesquisa conciliam o tempo necessário para o seu crescimento com os limites impostos pela idade do Universo.
A teoria pode agora ser validada com recurso a detectores de ondas gravitacionais, nomeadamente o telescópio Einstein, a antena espacial a laser LISA e pelo observatório de ondas gravitacionais LIGO/Virgo.
Os cientistas pretendem ainda "desenvolver modelos teóricos, como o idealizado neste caso, que sirvam para capitalizar a informação proveniente das experiências das ondas gravitacionais atuais e futuras, e dessa forma fornecer soluções para questões não resolvidas ligadas a astrofísica, cosmologia e fundamentos da física", referiu Andrea Lapi, autora principal, citada pelo portal.