O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, escreveu que as palavras do filho do presidente são "um insulto maléfico contra a China e o povo chinês" e que a "atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal nem [com] a sua qualidade como uma figura pública especial".
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, entrou na jogada e chegou a exigir desculpas do embaixador chinês por, segundo o chanceler, ofender o presidente Bolsonaro.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Evandro Menezes de Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o ideal seria Eduardo Bolsonaro pedir desculpas explícitas à China.
"Eu acredito que seria suficiente na medida em que isso iria colocar um fim nesse mal-estar iniciado pelo próprio Eduardo Bolsonaro. Nesse momento ele deveria reconhecer que iniciou essa crise diplomática desnecessária e poderia, através de um pedido de desculpas mais explícito, visando o bem das relações bilaterais, pôr um fim definitivo a esse problema diplomático", afirmou.
Eduardo Bolsonaro se retratou, disse que não ofendeu o povo chinês e disse que "tal interpretação é totalmente descabida", mas não fez um pedido de desculpas explícito por ter culpado a China pela pandemia do novo coronavírus.
Nesta terça-feira (24), Jair Bolsonaro telefonou para o presidente chinês, Xi Jinping, e disse que reforçou com ele os "laços de amizade" do Brasil com a China.
Para Evandro Menezes de Carvalho, foi desnecessário envolver os dois presidentes nesse problema.
"Essa reação do Bolsonaro mostra um esforço por parte da Presidência de tentar pôr um fim a isto aí [crise diplomática entre os dois países]. Agora, é uma medida que passa por cima do embaixador da China no Brasil, que é quem representa o presidente da China no país. O ideal seria realmente resolver esse problema aqui no Brasil junto às autoridades diplomáticas chinesas e não levar essa questão ao nível presidencial", disse.
Evandro Menezes de Carvalho disse que é importante que essa crise seja resolvida rapidamente para que o Brasil conte com a parceria da China no combate à COVID-19.
"Seria muito importante contarmos com a solidariedade da China que tem adotado uma série de medidas que foram exitosas no combate à propagação e o controle do vírus no país. Esse incidente diplomático acontece em um momento extremamente negativo, ele não contribui, não só para relações bilaterais, mas também não contribui para o Brasil", completou.
O embaixador da China no Brasil disse que a conversa entre Bolsonaro e Xi Jinping foi realizada em um ambiente muito cordial e amistoso e que "chegaram a alcançar importantes consensos".