Poderiam Angola e outros países da África resistir à pandemia do coronavírus?

© REUTERS / Siphiwe SibekoFila de clientes para fazer compras em uma loja Pick n Pay, Joanesburgo, África do Sul, 24 de março de 2020
Fila de clientes para fazer compras em uma loja Pick n Pay, Joanesburgo, África do Sul, 24 de março de 2020 - Sputnik Brasil
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Assolado por epidemias como ebola, malária e tuberculose, África enfrenta agora o coronavírus. Apesar de só terem sido relatados casos importados, o precário sistema de saúde africano preocupa.

O historiador argentino Sergio Galiana, especialista em África na Universidade Nacional de General Sarmiento, afirmou à Sputnik Mundo que, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, o cenário em África em caso de pandemia seria um desastre.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, já advertiu que a África deve "se preparar para o pior" perante a COVID-19.

Situação em Angola

Segundo testemunhou à Sputnik Mundo Luis Bellando, embaixador argentino em Angola, ainda foram contabilizados somente três casos até 23 de março, todos de viajantes chegados de Portugal.

Não tendo sido ainda decretada quarentena, quem pôde acorreu aos supermercados, esvaziando-os. Para o diplomata, "Angola acordou [para o fenômeno somente] nos últimos dias".

Bellando lamentou a "precariedade do sistema de saúde local" em um país onde "mais de 35% da população está abaixo da linha de pobreza".

Ponto da situação da pandemia

A pandemia já atingiu 42 dos 54 países do continente. Existem mais de 1.200 casos confirmados, embora se espere que os países da África Subsaariana, como Angola, venham a ser os mais afetados.

O diplomata argentino destacou a falta de "água [potável], latrinas e instalações sanitárias e de higiene", o que coloca a "maioria da população em risco de doença e morte", relembrando ter havido 700 casos de tuberculose em Angola no ano passado, bem como a persistência de doenças como a hanseníase e a AIDS.

Já Sergio Galiana teme que o número de infectados esteja subavaliado e que os relativamente poucos casos no continente possam se dever à fragilidade dos sistemas de saúde pública, que impossibilita rastreios fiáveis.

Galiana, que criticou a postura da comunidade internacional na epidemia de ebola, lamentou não haver produção de medicamentos em África, "porque a lógica neoliberal torna esses países não lucrativos para a indústria farmacêutica".

Em meio a todos estes receios, a Guiné-Conacri foi a votos indiferente à pandemia, malgrado os temores do coronavírus, com dois infectados no país até agora.

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