Pacientes sem sintomas vão causar 2ª onda de COVID-19 na China?

© REUTERS / Aly SongPessoas usando máscaras faciais para se protegerem do coronavírus no centro de Xangai, China, 17 de março de 2020
Pessoas usando máscaras faciais para se protegerem do coronavírus no centro de Xangai, China, 17 de março de 2020 - Sputnik Brasil
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Especialistas acreditam que a China possui um número significativo de pacientes que não manifestam sintomas de COVID-19. À medida que a quarentena é retirada, essas pessoas poderão gerar uma segunda onda de propagação da doença na China?

A China está próxima de declarar vitória na batalha contra o novo coronavírus. Nesta quarta-feira (25), as fronteiras administrativas da província de Hubei, epicentro da pandemia de COVID-19, foram reabertas após dois meses de quarentena.

Isso, no entanto, não significa que qualquer pessoa poderá sair de Hubei. Aqueles que quiserem deixar a província devem receber das autoridades um código verde, indicando que não têm histórico de infecção ou não estiveram em contato com pacientes de COVID-19, reportou o Global Times of China.

Conforme a China entra em nova etapa do combate ao vírus, especialistas concordam que os casos assintomáticos poderão ser o grande desafio.

Até agora, os casos assintomáticos eram identificados a partir do "rastreamento de contatos". Uma vez confirmado um caso de COVID-19, as autoridades rastreavam e testavam todos os indivíduos que tiveram contato com o paciente. Caso os testes fossem positivos, esses indivíduos eram enviados para a quarentena, mesmo se não apresentassem sintomas.

© REUTERS / Thomas PeterJovens usando máscaras protetoras caminham pelas ruas de Pequim, na China, 11 de março de 2020
Pacientes sem sintomas vão causar 2ª onda de COVID-19 na China? - Sputnik Brasil
Jovens usando máscaras protetoras caminham pelas ruas de Pequim, na China, 11 de março de 2020

Apesar de medidas como esta, especialistas acreditam que o número de casos assintomáticos não detectados de coronavírus seja significativo, reportou a Reuters.

"É particularmente preocupante, se considerarmos que muitos países ainda não adotaram nível suficiente de testes nas comunidades", disse o especialista em saúde púbica da Universidade de Sydney, Adam Kamradt-Scott.

Um estudo sobre os casos na cidade chinesa de Chongqing, publicado em 23 de março, estima que 18% dos pacientes com COVID-19 permaneceram assintomáticos durante todo o ciclo do novo coronavírus.

No entanto, ainda não há consenso sobre a capacidade de pacientes assintomáticos transmitirem o vírus.

"Descobrimos muitos casos de pacientes assintomáticos durante o nosso rastreamento de contatos", disse Wu Zunyou, especialista do Centro de Controle de Doenças e Prevenção da China nesta terça-feira (24). "Mas eles serão capazes de criar transmissões? Não serão."

No início de março, no entanto, a especialista Maria Van Kerkhove da Organização Mundial da Saúde apontou que os pacientes assintomáticos poderiam transmitir a doença.

"Nós sabemos que é possível, mas pode não ser um vetor importante de transmissão", concedeu Van Kerkhove.

Uma análise das transmissões no cruzeiro Diamond Princess mostrou que 33 dos 104 pacientes infectados não manifestaram sintomas. No entanto, alguns desses pacientes apresentaram agravamento brusco do estado de saúde durante os 10 dias que permaneceram em observação em hospital no Japão.

© AP Photo / Eugene HoshikoCruzeiro japonês Diamond Princess que estava em quarentena na cidade de Yokohama, no Japão.
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Cruzeiro japonês Diamond Princess que estava em quarentena na cidade de Yokohama, no Japão.

Enquanto especialistas debatem a capacidade dos pacientes assintomáticos transmitirem o vírus, uma coisa parece certa: os dados completos acerca do número de casos de COVID-19 mundialmente só serão revelados quando forem desenvolvidos testes para detectar a presença de anticorpos do vírus nas comunidades.

"O quadro real só será revelado quando tivermos um teste sorológico para descobrir quem esteve infectado", disse o diretor do Instituto de Biociência Molecular da Universidade de Queensland.

Enquanto esse teste não é disponibilizado, a Organização Mundial da Saúde repete a sua recomendação a governos para que invistam em testar casos suspeitos, isolar pacientes e rastrear os indivíduos com os quais ele manteve contato.

Até 25 de março, o mundo registrou 425 mil casos de COVID-19 e 18.963 mortes. Os países mais afetados são China, Itália e Estados Unidos. O Brasil é o país mais afetado na América do Sul, com 2.203 casos e 46 vítimas fatais.

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