Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, pretende dar uma ajuda na resolução desse grave problema recorrendo à Inteligência Artificial (IA), informou o portal New Atlas.
Os pesquisadores recorreram a imagens de satélite de alta definição para detectar crateras e os dispositivos não detonados, que podem ser tanto bombas, como minas terrestres.
A zona estudada foi uma área de cerca de 100 km2 situada no Camboja, que foi alvo de bombardeio norte-americano em 1973.
Muitas bombas não explodiram
Os cientistas recorreram a algoritmos digitais concebidos inicialmente para detectar crateras de meteoros em luas e planetas, e os reprogramaram para que fossem capazes de identificar as diferenças sutis entre esse tipo de cratera e aquelas criadas por bombas.
Isto significa ter em conta diferentes variáveis, como formato, cores, texturas e tamanhos das crateras geradas por bombas. Além disso, é necessário considerar que a vegetação e a erosão modelam e mudificam a cratera ao longo das décadas.
New this AM: Researchers @OhioState use AI with the hope that it can help find unexploded bombs in war-torn countries https://t.co/T97J5Xx8CL
— Ohio State News (@OhioStateNews) March 24, 2020
Pesquisadores da Universidade Estatal de Ohio recorrem a IA esperando que isso possa ajudar a encontrar bombas por explodir em países devastados pela guerra
Inicialmente, o algoritmo permitiu detectar 157 das 177 crateras geradas bombas, uma precisão de 89 por cento, apesar de também ter identificado 1.142 falsos positivos, ou seja, locais semelhantes a crateras, mas que não foram criadas por bombas.
Aprimorando os procedimentos, a equipe foi capaz de eliminar 96 por cento desses falsos positivos, mas o algoritmo detectou somente 152 das 177 crateras, uma precisão de 86 por cento.
No entanto, a equipe garante que seu algoritmo é capaz de aperfeiçoar em mais de 160 por cento a capacidade de detecção de bombas não detonadas do que outros métodos desenvolvidos até aqui.
"O processo de desminagem é caro e demorado, mas nosso modelo pode ajudar a identificar as áreas mais vulneráveis, que devem ser desminadas primeiro", disse Erin Lin, professora assistente de Ciência Política na Universidade Estadual de Ohio, citada pelo New Atlas.
Perigo para as populações
Baseando-se em dados militares desclassificados, pesquisadores estimam que cerca de 3.200 bombas foram lançadas na área estudada. Dessas, entre 1.400 e 1.600 bombas provavelmente não detonaram.
Trata-se de um número impressionante, que representa um sério perigo para os camponeses que habitam a região, principalmente se considerarmos que se trata de uma área usada para agricultura.
Segundo os pesquisadores, a cada semana, uma pessoa é ferida por dispositivos não detonados no Camboja. Ao todo, são mais de 64.000 feridos ou mortos desde que a área foi bombardeada, em 1973.