Na quarta-feira (25), o Departamento de Estado dos EUA publicou no Twitter uma mensagem criticando o relacionamento dos médicos de Cuba com seu governo.
The government of #Cuba keeps most of the salary its doctors and nurses earn while serving in its international medical missions while exposing them to egregious labor conditions. Host countries seeking Cuba’s help for #COVIDー19 should scrutinize agreements and end labor abuses.
— U.S. State Dept | Democracy, Human Rights, & Labor (@StateDRL) March 25, 2020
O governo de Cuba mantém a maior parte do salário que seus médicos e enfermeiros ganham enquanto servem em suas missões médicas internacionais, ao mesmo tempo que os expõe a condições de trabalho egrégias. Os países anfitriões que procuram a ajuda de Cuba para COVID-19 devem examinar os acordos e acabar com os abusos trabalhistas.
A mensagem refere-se às missões médicas cubanas na Bolívia, Brasil e Equador, que foram suspensas sob pressão de Washington, de acordo com as autoridades do país do Caribe.
O presidente Miguel Díaz-Canel chamou a campanha lançada pelo governo norte-americano para desacreditar a cooperação médica cubana em todo o mundo de "mentiras e insultos" e destacou a declaração feita pelo Ministério das Relações Exteriores do país sobre o assunto, em resposta às recentes declarações "particularmente ofensivas" do Departamento de Estado estadunidense.
Basta ya de mentiras e insultos, la cooperación médica cubana tiene una elevada moral, que sobra para aplastar los improperios del imperio vulgar, cruel, asesino y prepotente #SomosCuba #SomosContinuidad https://t.co/jf15Ev4gMM Via @Granma_Digital
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) March 26, 2020
"Chega de mentiras e insultos, a cooperação médica cubana tem uma elevada moral, que é suficiente para esmagar os insultos do império vulgar, cruel, assassino e prepotente."
Por sua vez, a declaração do Ministério das Relações Exteriores cubano afirma que "a campanha de descrédito do governo dos Estados Unidos é imoral em qualquer circunstância".
"É particularmente ofensiva para Cuba e para o resto do mundo, em momentos de uma pandemia que nos ameaça a todos, e quando todos deveríamos estar nos esforçando para promover a solidariedade e a ajuda aos necessitados", acrescenta o documento divulgado por Juan Antonio Fernández, subdiretor da Direção Geral de Imprensa, Comunicação e Imagem do Ministério das Relações Exteriores de Cuba.
A nota recorda que a comunidade internacional exige a partir da ONU unidade e cooperação, o fim das guerras e conflitos, a cessação e suspensão dos bloqueios e das medidas coercivas unilaterais.
"Deixemos de lado a mesquinhez e a hostilidade. A saúde é um direito humano. Isso é o que Cuba entende e faz", enfatiza a declaração da chancelaria.
Segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde Pública, dos 59 países onde existem brigadas médicas cubanas, o novo coronavírus tem presença registrada em 37 deles.
Brigadas médicas cubanas no Caribe
Três brigadas médicas cubanas partiram na quinta-feira (26) para as ilhas caribenhas de São Vicente e Granadinas, Dominica e Antígua e Barbuda para ajudar a lidar com a nova pandemia do coronavírus, que causa a doença COVID-19.
Os profissionais de saúde que estão partindo para estas três nações caribenhas receberam uma preparação abrangente para lidar com a pandemia, à que se soma a experiência de vários membros na participação de missões humanitárias de saúde anteriores, incluindo a luta contra o ebola na África, disse a doutora Danixia Novoa, chefe das brigadas, ao serviço de notícias da televisão cubana.
Os médicos e enfermeiros cubanos que vão às Caraíbas para ajudar a combater o novo coronavírus SARS-CoV-2 fazem parte do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastre e Epidemias Graves "Henry Reeve".
Desde há vários dias, brigadas médicas da ilha que fazem parte do Contingente "Henry Reeve" têm viajado para a China, Venezuela, Nicarágua, Suriname, Jamaica, Granada e Itália para enfrentar a nova pandemia do coronavírus SARS-CoV-2.
Estas brigadas são constituídas por especialistas em clínica geral integrada, médicos clínicos, intensivistas, virologistas e epidemiologistas, muitos dos quais têm experiência no tratamento de doenças transmissíveis, e incluem alguns que participaram da luta contra a epidemia de ebola na África.
Conflito EUA–Venezuela
Na quinta-feira (26), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou Maduro e altos funcionários do seu governo de estarem envolvidos em um esquema de tráfico de droga.
"O Departamento de Justiça está anunciando a apresentação de uma acusação no Distrito Sul de Nova York contra quatro suspeitos, incluindo Nicolás Maduro, bem como o atual presidente da Assembleia Constituinte [da Venezuela, Diosdado Cabello], o ex-diretor da inteligência militar e um ex-general de alto escalão por seu envolvimento em narcoterrorismo", disse o procurador-geral estadunidense William Barr.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, rejeitou as acusações de narcotráfico feitas pelo Departamento de Justiça dos EUA contra o chefe de Estado venezuelano.
Condeno inmoral acusación de #EEUU vs pdte @NicolasMaduro y #Venezuela por narcoterrorismo. Se basa en desvergonzadas mentiras. Aún en tiempos de #COVID19, el gobierno de EEUU demuestra que constituye la principal amenaza a la paz y tranquilidad de #NuestraAmérica. | #Cuba
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) March 26, 2020
"Condeno a imoral acusação dos EUA contra o presidente Nicolás Maduro e a Venezuela por narcoterrorismo. É baseada em mentiras sem vergonha. Mesmo na época da COVID-19, o governo dos EUA mostra que é a principal ameaça à paz e tranquilidade da nossa América".
Rodríguez, entretanto, disse que a acusação se baseia em "mentiras sem vergonha" e assegurou que mesmo em meio à pandemia mundial do novo coronavírus, que causa a COVID-19, os Estados Unidos continuam sendo o maior perigo para a região.
"Mesmo em tempos de COVID-19, o governo norte-americano mostra que constitui a principal ameaça à paz e tranquilidade da nossa América", disse o ministro das Relações Exteriores cubano.
O sistema de Justiça dos EUA está oferecendo US$ 15 milhões (R$ 75,9 milhões) em troca da captura do presidente venezuelano.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, garantiu que seu governo enfrentará "as mentiras" vindas de Washington.