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COVID-19: funcionamento de igrejas com aglomeração é 'completamente indevido', diz pastor

© Folhapress / André Coelho O presidente Jair Bolsonaro participa de culto ao lado do presidente da frente evangélica, Silas Câmara (Republicanos- AM), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
 O presidente Jair Bolsonaro participa de culto ao lado do presidente da frente evangélica, Silas Câmara (Republicanos- AM), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). - Sputnik Brasil
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Em decisão polêmica, na semana passada o presidente Jair Bolsonaro incluiu as igrejas na lista de serviços especiais, o que permitiria o seu funcionamento durante a quarentena na crise do coronavírus.

A Justiça Federal, no entanto, posteriormente derrubou os trechos do decreto do presidente que determinavam atividades religiosas e casas lotéricas como serviços públicos essenciais durante a pandemia da COVID-19.

O pastor da Igreja Pentecostal Bethesda, Silas Esteves, em entrevista à Sputnik Brasil, considerou invevido o funcionamento das igrejas durante a pandemia de coronavírus.

"A classificação de igrejas como serviços e atividades essenciais é correta. Agora, daí a permitir o funcionamento e abrir para presença de público e aglomerações de pessoas eu acho completamente indevido, vai contra as recomendações de todos os órgãos de saúde mundiais e eu quero simplesmente dizer que não concordo, embora veja boa intenção do presidente Jair Bolsonaro em tentar fazer isso, mas não é uma boa medida para essa hora", frisou o pastor evangélico.

De acordo com ele, a realização de cultos com aglomerações de pessoas nesse momento "vai só fazer proliferar o vírus e não vai proliferar os cuidados exigidos pelas entidades e órgãos de saúde que estão nos orientando".

​Já o médico pneumologista, Alexandre Milagres, em entrevista à Sputnik Brasil, lembrou do caso que aconteceu na Coreia do Sul, onde a partir de alguns membros da seita Shincheonji, liderada pelo pastor Lee Man-Hee, foi provocada a contaminação de 60% do país, após membros da igreja terem viajado para a China e retornado a Seul, provocando uma contaminação em massa.

"Nós estamos vivendo nesse exato momento uma experiência diferente, difícil, e eu acho que as autoridades, e não só o Executivo, mas as autoridades religiosas, têm que ser extremamente cuidadosas, porque é a vida não só dos fiéis de qualquer uma dessas igrejas, ela [a doença] também se dissemina para pessoas que não fazem parte da seita", afirmou o médico.

"Não tenho a menor dúvida que a experiência de Seul é muito evidente [...] Eu acho que as próprias lideranças religiosas têm que se colocar, têm que usar toda a tecnologia disponível pra não deixar o fiel desamparado, mas tem que ter extrema responsabilidade e levar a mensagem que eles queiram levar do ponto de vista religioso, mas em condições de biosegurança minimamente adequadas", acrescentou Alexandre Milagres.

Ao comentar os conselhos que são passados para os fiéis durante a pandemia da COVID-19, o pastor Silas Esteves afirmou que pede que sejam seguidas as orientações científicas e médicas para que as pessoas fiquem em casa.

"Orientação nossa é simples. É manter os cuidados designados pelos infectologistas e cientistas. Nós precisamos entender que esse pessoal está estudando há muitos anos, e nós não podemos fazer da religião um muro e esconderijo pra nos proteger de algo que pessoas estão dedicando as suas vidas para estudar e nos proteger disso. Então sigam as instruções, lavem as mãos e fiquem em casa", completou o pastor.

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