Na segunda-feira (30) teve lugar uma chamada telefônica entre o ministro da Saúde da República Popular da China, Ma Xiaowei, e o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Alex Azar, o primeiro tal contato desde 28 de janeiro de 2020.
A China está disposta a compartilhar com os EUA as informações, conhecimentos e tecnologias para combater o surto da COVID-19, assegurou o ministro chinês ao seu homólogo norte-americano. Pequim pretende manter a cooperação internacional nesta área, inclusive com os Estados Unidos, agindo de forma aberta, transparente e responsável.
Ma Xiaowei salientou que a situação epidemiológica na China continua a melhorar e os serviços de saúde do país estão regressando ao funcionamento normal. Por sua vez, o secretário de Saúde dos EUA elogiou os esforços e sucesso da China no combate à pandemia. De acordo com ele, Washington espera reforçar a cooperação com Pequim neste ramo.
Segundo Viktor Supyan, vice-diretor do Instituto dos EUA e Canadá da Academia Russa de Ciências, estes contatos e o reconhecimento da experiência chinesa no combate à doença são um sinal claro do aumento de confiança mútua entre os dois países.
"A epidemia está se espalhando nos EUA, o número de infectados aumenta. Não há indícios que será possível controlar esta situação. Por outro lado, a China em três meses foi capaz de obter progressos significativos, tendo conseguido praticamente lidar com a epidemia, as medidas de quarentena estão sendo gradualmente canceladas", comenta Supyan.
"Acima de tudo, nestas circunstâncias os EUA devem estar interessados em saber como a China conseguiu encontrar uma solução eficaz para o problema em um período de tempo tão curto. Há situações em que milhares de vidas humanas estão em jogo. Este é o problema que os EUA enfrentam neste momento, por isso eles são obrigados a se dirigir à China, apesar da forte controvérsia relativamente à origem do vírus e à sua denominação. Ao nível oficial, dada a situação política interna dos EUA, será difícil para o lado americano reconhecer abertamente a importância da ajuda da China. Entretanto, a nível profissional e de especialistas, a cooperação nesta área irá evoluir", disse o vice-diretor do instituto em entrevista à Sputnik China.
Segundo opina Zhu Feng, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Nanquim, os líderes da China e EUA estão alterando para o lado positivo o tom das relações bilaterais, demonstrando vontade de cooperação.
"Tendo em conta a situação atual, China e EUA devem entender que a epidemia do coronavírus é um desafio sem precedentes para a humanidade. Pequim e Washington são as duas maiores economias do mundo, a continuação do confronto entre eles pode desempenhar um papel muito negativo e destrutivo na luta global contra a epidemia. Não é isso que a comunidade internacional espera da China e dos EUA. A epidemia atual é uma enorme ameaça para ambos os países e para derrotá-la é necessária uma cooperação sino-americana, além dos esforços unidos e coordenados de todos os países do mundo. Por isso, face a este desafio, os líderes da China e EUA, mudaram de fato para o lado positivo o tom das relações bilaterais. Eles estão colocando de lado suas controvérsias passadas, dando o exemplo e demonstrando vontade e capacidade de cooperar", disse Zhu Feng à Sputnik China.
Na semana passada, os dois chefes de Estado, Xi Jinping e Donald Trump, concordaram em trabalhar juntos para conter a propagação da COVID-19. Em uma conversa telefônica, o líder chinês enfatizou que a comunidade internacional poderá vencer o novo coronavírus apenas com esforços coordenados. Xi Jinping acrescentou que seu país está pronto para cooperar com outros países, incluindo os EUA, para combater eficazmente a epidemia. Pela primeira vez desde que a pandemia começou, o presidente dos EUA elogiou os esforços da China, admitindo que o país asiático tem feito grandes avanços na compreensão da natureza da propagação do vírus.