A descoberta vem relatada no jornal polonês The First News, que informa terem as moedas sido encontradas em terrenos agrícolas perto de Hrubieszów, na região de Lublin, tendo sido desenterradas, completamente por acaso, com equipamentos agrícolas que aravam o solo.
O fazendeiro, Mariusz Dyl, contatou de imediato o Museu de Hrubieszów. O próprio Dyl, arqueólogos e voluntários locais revolveram o solo nas imediações, descobrindo mais 137 moedas, segundo o jornal.
As moedas estavam espalhadas por muitos metros. Mas, seguindo as pistas, eles lograram identificar a localização original do tesouro.
No total foram encontradas 1.753 moedas de prata, e todas elas são denários romanos.
O denário fazia parte do sistema monetário da Roma Antiga. Apesar de ser uma pequena moeda de prata, era a de maior circulação no Império Romano. Denário vem do latim "denarius" e originou a palavra portuguesa "dinheiro".
Segundo o site do Museu de Hrubieszów, citado pelo jornal, a descoberta representa "o maior tesouro do período romano encontrado na região de Lublin e um dos maiores achados até agora na Polônia".
As moedas todas juntas pesam mais de 5 kg e trazem a esfinge de imperadores romanos dos primeiros dois séculos depois de Cristo.
Tesouro dos vândalos
O jornal cita Andrzej Kozlowski, do Instituto de Arqueologia de Lublin, como afirmando que "este tesouro seria a coroa da arqueologia polonesa". O conjunto de moedas teria sido bastante valioso na altura, mas não seria uma fortuna. O diretor do museu local, Bartlomiej Bartecki, disse ao The First News que "não se podia comprar uma aldeia com isto, mas não era uma quantia pequena, especialmente para as tribos bárbaras".
Os especialistas acreditam que as moedas eram provavelmente propriedade de vândalos, um dos povos germânicos que habitavam esta parte da atual Polônia durante o domínio romano.
Povo muito aguerrido e duro, o pecúlio pode ter sido acumulado como resultado de trocas comerciais ou por prestação de serviço militar em legiões romanas.
Tesouro abandonado
O recipiente original que continha as moedas não chegou aos nossos dias, mas era provavelmente um caixa de madeira ou um saco de couro. O que quer que fosse, estava enfeitado com rebites de prata, já que oito deles foram descobertos no local.
Os arqueólogos acreditam que o fato de as moedas terem sido abandonadas e de ninguém ter voltado para as recuperar pode significar que o tesouro foi abandonado quando os vândalos foram expulsos por outro povo germânico, os godos, por volta do ano 200.
Mais tarde, os godos vitoriosos se espalharam para a Ucrânia moderna, onde estabeleceram um reino poderoso.
Os godos, tal como os vândalos, desempenharam um papel importante na queda do Império Romano, no século V depois de Cristo.
Os vândalos irromperiam pela Gália e península Ibérica, acabando por fundar um reino no Norte de África. A ferocidade demonstrada e a destruição que causavam por onde passavam originaram as palavras "vândalo" e "vandalismo", ainda hoje muito em uso.
O agricultor, Mariusz Dyl, tem sido amplamente elogiado por ter rapidamente reportado a descoberta, relata o jornal, que adianta serem as moedas agora propriedade do museu local.
Um grupo de especialistas da Universidade de Varsóvia irá proceder a um exaustivo estudo, que se espera demorar 12 meses.
O museu não pode colocar as moedas em exposição pública devido à atual pandemia, pelo que prepara uma exposição virtual que em breve estará disponível online. Uma monografia baseada no acervo de moedas também está prevista.