O documento assinado por quatro deputados foi enviado ao diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para o presidente da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), Joel Hernández García, e para os relatores especiais para direito à saúde, à liberdade expressão e dos direitos das pessoas idosas.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente da comissão, o deputado federal Helder Salomão (PT-ES), disse que o entendimento dos parlamentares é de que o presidente Jair Bolsonaro contraria as recomendações de saúde de organismos internacionais.
"Ao nosso ver, ele coloca em risco a vida de milhões de brasileiros com sua postura irresponsável contrariando as recomendações feitas OMS, pelo Ministério da Saúde do seu próprio governo e pelas autoridades sanitárias do mundo, dos estados e dos municípios brasileiros, é inadmissível que um presidente caminhe na contramão do que hoje ocorre no mundo", afirmou.
Segundo Helder Salomão, a intenção é fazer com que órgãos internacionais se pronunciem sobre a maneira como Jair Bolsonaro está lidando com a pandemia da COVID-19.
"Esperamos que os organismos internacionais se pronunciem sobre este fato gravíssimo que hoje ocorre no Brasil, que é a postura adotada pelo presidente Jair Bolsonaro que, como eu disse, é um presidente que não tem zelo pela vida das pessoas, pelos direitos e as atitudes adotadas por ele aqui são uma grande demonstração de que ele está atuando em falta de sintonia completa com aquilo que é recomendado", disse.
Para o deputado, Bolsonaro deveria estimular a população a ficar em casa para evitar a propagação do novo coronavírus.
"O presidente estimula as pessoas a saírem às ruas, a reabertura do comércio, o rompimento da quarentena, do isolamento social tão importante para evitarmos mais pessoas infectadas e o aumento do número de mortes", completou.
O documento, elaborado pelos parlamentares, cita também as pesquisas feitas pelo Centro de Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas (CMMID, na sigla em inglês), que estima que apenas 11% dos casos são notificados no país, e o levantamento feito pela Equipe de Resposta à COVID-19 do Colégio Imperial britânico que alerta para que, sem uma quarentena, o Brasil pode ter 1,1 milhão de mortes.