O Irã solicitou dinheiro do FMI em meados de março, quando a pandemia de COVID-19 dominava seu sistema nacional de saúde. Teerã não solicitava assistência do FMI desde o início da década de 1960 e disse que precisava urgentemente do dinheiro para combater o coronavírus. A solicitação, no entanto, não foi recebida, uma vez que os EUA se opuseram abertamente a fornecer fundos ao Irã.
"Peço às organizações internacionais que cumpram seus deveres [...] somos membros do FMI [...] Não deve haver discriminação na concessão de empréstimos", afirmou o presidente iraniano Hassan Rouhani em uma reunião de gabinete nesta quarta-feira. Ele acrescentou que a imposição de sanções dos EUA contra o Irã em meio à pandemia foi "terrorismo econômico e médico".
Teerã está buscando US$ 5 bilhões do FMI, mas Washington alega que o dinheiro seria desviado e usado "para ajudar seus grupos de procuradores terroristas no Oriente Médio", como disse à rede britânica BBC nesta semana a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Morgan Ortagus.
Os EUA são o maior acionista do FMI e têm muita influência sobre suas decisões sobre conceder salvamentos a países. Washington usará sua influência para bloquear a solicitação do Irã e também está impedindo que Teerã aproveite os cerca de US$ 5 bilhões em reservas mantidas em sua conta no FMI, informou o jornal The Wall Street Journal.
O governo Trump tem buscado "pressão máxima" contra o Irã, ameaçando as pessoas que fazem negócios com ele com sanções secundárias. Washington sugere que Teerã deveria receber dinheiro para combater a pandemia, desviando alguns da defesa nacional.
As autoridades iranianas esperam que outros membros do FMI desafiem os EUA, que - apesar de sua influência - não têm poder de veto na organização.
"Na verdade, é uma política do FMI a imparcialidade na avaliação e aprovação de pedidos", declarou o vice-presidente iraniano de Assuntos Econômicos, Mohammad Nahavandian, à apresentadora Christiane Amanpour, da CNN.
"O Irã tem sido um membro fundador do FMI, com um histórico muito bom. E espera-se que este organismo internacional faça o que deve fazer. Esse pedido está agora no devido processo. Muitos países expressaram seu apoio a isso", adicionou.
O ministro iraniano destacou que "estamos todos no mesmo barco" com a ameaça da pandemia, comprometendo a saúde pública do Irã ao negar que um resgate também prejudicaria outras nações.
Alguns atores globais criticaram publicamente os EUA por manterem suas sanções em meio ao surto de coronavírus. Os aliados europeus de Washington, Alemanha, França e Reino Unido usaram o mecanismo de escambo INSTEX para entregar suprimentos médicos ao Irã pela primeira vez no final de março.