Pelo menos quatro avançados navios de guerra dos EUA já relataram casos da COVID-19. Um navio ancorado em Guam, que recentemente visitou o mar do Sul da China, o USS Theodore Roosevelt, registrou cerca de 416 casos até quinta-feira (9) de manhã, depois de 286 casos terem sido relatados pela Marinha na quarta-feira (8), de acordo com o blog oficial Navy Live.
Um marinheiro destacado no porta-aviões foi transportado para o hospital e colocado em terapia intensiva na quinta-feira (9) após ser descoberto inconsciente, de acordo com um comunicado da Marinha citado pela edição Business Insider. O marinheiro tinha estado em quarentena durante 14 dias na Base Naval de Guam.
A Marinha afirma estar esperando resultados de mais de mil testes.
Entretanto, o ex-comandante do USS Theodore Roosevelt, o capitão Brett Crozier, também teria testado positivo para a COVID-19.
Crozier tinha sido afastado do posto na semana passada por Thomas Modly, ex-secretário da Marinha, por causa de uma nota vazada, onde se revelava que ele enviou cartas urgentes ao seu comando pedindo assistência para combater o surto do coronavírus.
O próprio Modly se demitiu em 31 de março depois de um discurso dirigido à tripulação do navio criticando o vazamento de informação do antigo comandante para a mídia, tendo acusado Crozier de ser "muito ingênuo ou muito estúpido" para liderar o navio.
Também foram relatados casos de COVID-19 entre marinheiros do porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan, atualmente em Yokosuka, Japão. Houve ainda um membro da tripulação do USS Carl Vinson, baseado em Washington, que também deu positivo no teste.
O USS Nimitz foi referido na quinta-feira (9) como tendo "um número muito pequeno de casos de infeção ", segundo John Hyten, general da Força Aérea e vice-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA.
"Não é boa ideia pensar que o [porta-aviões] Teddy Roosevelt é um caso único. Temos demasiados navios no mar, temos demasiadas capacidades de mobilização. Há 5.000 marinheiros em um porta-aviões movido a energia nuclear", disse Hyten em declarações à Associated Press na quinta-feira (9).
"Pensar que isso não voltará a acontecer não é uma boa maneira de planejar. Nossos militares permanecem prontos e continuam operando em todo o mundo", acrescentou o general, citado pela agência.
Manobras navais da China
A China conduziu recentemente exercícios navais no mar do Sul da China em meio a relatos da pandemia da COVID-19 nos porta-aviões norte-americanos, com o Exército Popular de Libertação da China procurando aumentar suas capacidades no Pacífico, escreve a revista Newsweek, citando o jornal chinês The Global Times.
Os exercícios foram realizados em uma região que é ponto de colisão entre Washington e Pequim. Navios de mísseis Type 22 foram destacados no fim de março passado para a área para quatro dias de exercícios de fogo real.
É relatado que os exercícios envolvem cenários de guerra e procuram melhorar as capacidades de combate costeiro das embarcações, bem como operações contra minas, controle de danos e resgate.
Referidos pelo Pentágono como "navios de patrulha de mísseis catamarã da classe HOUBEI", a furtividade e a velocidade das embarcações Type 22 lhes permitem superar alvos maiores, como os porta-aviões norte-americano destacados no Pacífico.
As águas do mar do Sul da China, que são disputadas por cinco países e ainda Taiwan, mas na sua maioria controladas por Pequim, são frequentemente cruzadas por navios da Marinha dos EUA que, segundo Washington, realizam operações de liberdade de navegação.
A passagem de destróieres e porta-aviões dos EUA perto das ilhas disputadas desagrada ao governo chinês, que protesta contra o que afirma serem "provocações" e violações da soberania chinesa.
Coronavírus na China e EUA
O novo coronavírus foi detectado pela primeira vez em Wuhan, China, e desde dezembro de 2019 já infectou 81.518 pessoas no país, segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA).
O país fez um esforço sem precedentes para conter a epidemia por meio da mobilização de meios militares e do recurso a medidas rígidas de isolamento. Atualmente, a China está relatando mais casos importados da doença, tendo após 76 dias levantado o bloqueio a Wuhan, o epicentro original do coronavírus.
Na quarta-feira (8), moradores e visitantes saudáveis foram autorizados a deixar a capital da província de Hubei, com a retomada dos trens e voos e a reabertura das rodovias, já que o país caminha agora para aliviar as restrições impostas para conter a COVID-19.
Enquanto isso, os EUA relatam 466.299 casos de infecção, com 16.686 mortes e 26.522 recuperações.