Por que só Terra tem água? Novo estudo sugere

CC BY-SA 2.0 / Alexander Gerst / Pôr do Sol sobre a Terra
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Equipe de cientistas de Bruxelas, na Bélgica, demonstrou que a água que desfrutamos existe na Terra desde sua formação, malgrado um impacto brutal ocorrido há 4,5 bilhões de anos.

Embora todos estejam de acordo em que o nosso planeta azul é rico em água, esta observação entra em contradição com o fato de todos os outros planetas rochosos, tais como o nosso, não apresentarem água, pelo menos à superfície.

Colossal impacto

Por outro lado, não deixa de ser estranho que o gigantesco impacto entre um corpo celeste do tamanho de Marte com a recém-formada proto-Terra, que originou a Lua há cerca de 4,5 bilhões de anos, não tenha vaporizado toda a água pré-existente, deixando para trás uma Terra seca.

Segundo um artigo publicado em 10 de abril no portal Eurekalert, cientistas da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, opinaram que, assim sendo, somente teríamos duas opções para explicar a presença de água na Terra: ou foi trazida de volta mais tarde, após a enorme colisão, nomeadamente por asteroides gelados ou ricos em água, ou o impacto gigante não foi suficientemente poderoso para vaporizar toda a água na Terra.

Devido à importância da água para a existência da vida, a questão de sua origem na Terra é primordial para a ciência. Contudo, o fato de a Terra, sendo um planeta ativo, ter perdido todos os vestígios de sua formação transforma essa questão em um colossal desafio para a ciência.

A equipe de geólogos e de geoquímicos, usando modelos matemáticos para descrever condições físicas de cenários geológicos, decidiu olhar muito além da Terra, indo até Vênus, para pesquisar a origem da água terrestre.

Pista de Vênus

Embora a Terra e Vênus possam ser consideradas como irmãs gêmeas, suas evoluções geológica e climática divergiram drasticamente no passado, levando à atmosfera atual de Vênus, com pressão de 92 bar e até 470 °C de temperatura, contrastando com as condições amenas e a pressão de apenas um bar à superfície da Terra.

No entanto, a atividade vulcânica de Vênus é bastante simples, comparando com a da Terra, por não ter placas tectônicas, possuindo, em seu lugar, a geologicamente chamada "tectônica de tampa estagnada", como que uma tampa formada por sólidos minerais de silicatos, preservando aquilo a que na Terra chamamos de litosfera.

Por essa razão, e não obstante as elevadas temperaturas, a evolução da atmosfera de Vênus é muito mais fácil de compreender e modelar ao longo dos tempos geológicos. Além disso, devido a sua proximidade, Terra e Vênus devem ter recebido o mesmo tipo de material durante sua história.

Todos estes aspectos combinam-se para fazer de Vênus um lugar perfeito para estudar a evolução primitiva dos planetas rochosos.

Usando simulações numéricas de impactos de diferentes tipos de asteroides contendo diversas quantidades de água, a equipe descobriu que asteroides ricos em água colidindo com Vênus e liberando sua água como vapor não podem explicar a composição da atmosfera de Vênus tal como a medimos hoje.

Isso significa que o material de asteroides que veio para Vênus e, portanto, para a Terra, após o impacto gigantesco, deve ter sido seco, não permitindo assim a reposição da água na Terra.

Água desde sempre

Uma vez que hoje em dia é obviamente possível encontrar água no nosso planeta, isto só pode significar que a água que hoje desfrutamos na Terra existe desde sua formação, provavelmente armazenada nas profundezas da Terra, tendo sobrevivido dessa forma incólume ao referido impacto gigantesco.

Esta ideia tem implicações muito profundas em termos de habitabilidade dos antigos planetas Terra, Vênus e Marte, pois sugere que eles provavelmente se formaram com suas parcelas de água, as quais foram perdendo ao longo do tempo.

Sendo Marte muito mais pequeno, provavelmente teria perdido toda sua água enquanto a vida se ia desenvolvendo na Terra. No tocante a Vênus, esses resultados complementam os recentes trabalhos que apontam para terem existido oceanos em Vênus.

Os autores do estudo esperam que a pesquisa ajude a precisar a quantidade de água que pode ser expectável encontrar em Vênus e dessa forma ajudar a preparar a próxima geração de missões espaciais a esse planeta.

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