Pesquisadores de um consórcio de universidades e institutos brasileiros examinaram a proporção de casos que resultaram em mortes até 10 de abril e compararam-na com dados sobre a taxa de mortalidade esperada da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A taxa de mortalidade muito acima do esperado no Brasil indica que há muito mais casos do vírus do que estão sendo contados, com o estudo estimando que apenas 8% dos casos estão sendo oficialmente relatados.
O governo concentrou-se em testar casos graves e não todos os casos suspeitos, de acordo com o consórcio, conhecido como Centro de Operações e Inteligência em Saúde. O centro e os profissionais médicos também se queixaram de longos tempos de espera para obter os resultados dos testes.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é difícil distribuir testes no Brasil por causa do tamanho do país, mas reconhece que os testes precisam melhorar.
Oficialmente, o número de mortes por coronavírus no Brasil subiu para 1.328 nesta segunda-feira (13), enquanto o número de casos confirmados atingiu 23.430, segundo dados do Ministério da Saúde.
Na quinta-feira passada, o Brasil tinha cerca de 127 mil casos suspeitos e realizou pouco menos de 63 mil testes, segundo números da pasta. Uma autoridade do Ministério da Saúde disse que mais de 93 mil testes ainda estão sendo processados para obter resultados.
Até o momento, o número de internações por sintomas respiratórios graves foi três vezes maior do que o normal para a época do ano, mas apenas 12% deles foram confirmados como COVID-19, a doença respiratória grave causada pelo novo coronavírus.
"O alto grau de subnotificação pode dar uma falsa impressão sobre o controle da doença e, consequentemente, levar a um declínio nas medidas de contenção", afirmou o centro.
O surto alimentou a tensão no governo brasileiro, com o presidente Jair Bolsonaro minimizando os riscos do vírus e instando o país a voltar ao normal, enquanto seu ministro da Saúde, governadores de estado e autoridades locais exigem medidas mais rigorosas.
Até agora, o centro tem sido preciso em prever a evolução do vírus no Brasil, com o número confirmado de casos de coronavírus até 30 de março dentro do intervalo que os pesquisadores previram anteriormente.
Os pesquisadores agora estão prevendo que em 20 de abril o número de casos aumentará para 25.164 em seu cenário mais otimista e 60.413 casos em seu mais pessimista.