Tanto Jair Bolsonaro quanto Andrés Manuel López Obrador "demoraram a reagir" diante da chegada da pandemia de coronavírus, avalia o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) Paulo Velasco.
Enquanto seus países ainda registravam os primeiros casos confirmados de COVID-19, ambos deram declarações públicas minimizando a pandemia e evitaram adotar medidas de distanciamento social. Apesar do grande impacto econômico, a quarentena e o fechamento de serviços não essenciais são as únicas ferramentas conhecidas até o momento para deter a propagação do vírus letal.
Com o avanço das mortes causadas pela COVID-19, tanto Brasil como México adotaram medidas de distanciamento social.
Para Velasco, a falha dos dois líderes "mostra claramente que a inépcia no tratamento da pandemia do coronavírus não tem coloração partidária, seja na direita ou na esquerda do espectro político, nós vamos ver líderes absolutamente despreparados para lidar com esses desafios tão sérios".
Nesta terça-feira (14), o México tem 5.014 casos confirmados de COVID-19 e 332 mortes causadas pela enfermidade, informa a Universidade John Hopkins. Já no Brasil, o número de infectados é de 25.262 e o de mortes alcançou 1.532 pessoas.
"A posição assumida pelos presidentes dos dois maiores países da América Latina passa por uma lógica negacionista, pelo menos até bem pouco tempo. São dois líderes que demoraram muito a responder e de início se mostravam um pouco indiferentes à questão da pandemia, conclamando inclusive a população a ir às ruas. Ambos fizeram notáveis passeios pelas ruas de seus países abraçando seus apoiadores", Velasco à Sputnik Brasil.
O professor da UERJ avalia que tanto Bolsonaro quanto Obrador tentaram minimizar os impactos econômicos da pandemia e por isso tardaram em implantar as medidas de distanciamento social. Velasco, contudo, diz que há uma "falsa dicotomia" de que é necessário escolher entre a vida e empregos e que o momento é de aposta na intervenção estatal por meio de medidas anticíclicas na economia.