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Brasil é assunto secundário na agenda de prioridades dos EUA, diz especialista sobre fala de Pompeo

© AP Photo / Alex BrandonSecretário de Estado Mike Pompeo ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump
Secretário de Estado Mike Pompeo ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump - Sputnik Brasil
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse nesta terça-feira (14) que os EUA só devem ajudar o Brasil com recursos médicos no combate ao coronavírus quando a situação melhorar entre os americanos.

A declaração foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo após Pompeo conversar com repórteres por telefone.

"O povo brasileiro pode contar com os EUA quando 'virarmos a esquina' ['turn the corner', expressão em inglês para se referir à melhora do quadro depois de uma situação difícil] e aumentarmos a produção americana para todos os itens restritos, que vão de respiradores, testes, tudo o que é necessário. Quando chegarmos lá, o Brasil deveria saber que faremos tudo o que pudermos para ter certeza de que eles têm o que precisam", disse Pompeo.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Pedro Costa Júnior, professor de Relações Internacionais Contemporâneas da Faculdade de Campinas (FACAMP), disse que a declaração de Pompeo "não surpreende".

"Ela não deve ser encarada com nenhuma surpresa, ela nada mais é do que a expressão máxima daquilo que o presidente Trump vem declarando desde a sua pré-candidatura: o 'America First' [América Primeiro, em português]", disse.

Pedro Costa Júnior argumentou ainda que, apesar do presidente Jair Bolsonaro colocar os Estados Unidos como prioridade na política externa, a recíproca não acontece.

"O Brasil em uma agenda de prioridades na agenda americana é um assunto completamente secundário, terciário. Passa longe de ser a prioridade. Ainda que para o Brasil se coloque os Estados Unidos como prioridade, essa reciproca não será verdadeira. A partir do momento que o Brasil declara 'I Love You' [Eu te amo, em português], para os Estados Unidos não vai ter essa correspondência", afirmou.

No entanto, Pedro Costa Júnior fala novamente que esse posicionamento dos Estados Unidos já foi observado em outros momentos históricos.

"O Brasil estende a mão, mas ele não recebe a mão de volta. Isso já era desenhado, assim como ficou claro em outros períodos historicamente em que o Brasil tentou algo semelhante", afirmou.

Para o cientista político, o recado que Trump deu durante a pandemia da COVID-19 ao cortar recursos doados pelos EUA para a Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que agora é "cada um por si".

"Uma vez que os Estados Unidos deixam de contribuir com a principal organização de saúde do mundo, que afeta todo planeta Terra, imagina o que é para eles interferirem diretamente ou pontualmente em uma questão de saúde de um país isoladamente? Ainda mais um país que estrategicamente sequer é um aliado de grandeza maior no sistema mundial", completou Pedro Costa Júnior, se referindo ao Brasil.

Recentemente, uma carga de 600 respiradores artificiais encomendada de um fornecedor chinês por estados do Nordeste brasileiro não pôde embarcar do aeroporto de Miami, onde fazia escala, para o Brasil.

Em nota, o governo da Bahia informou que "a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor".

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