Nesta sexta-feira, completaram um mês as medidas restritivas adotadas por autoridades brasileiras para tentar reduzir a propagação do novo coronavírus, que já matou mais de dois mil pessoas no país.
Doria estende quarentena em SP até 10 de maio: 'Aqui não brigamos com a ciência'
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De acordo com um relatório do Ministério da Saúde, o pico da COVID-19 no Brasil deve acontecer entre este e o próximo mês, e o coronavírus deve circular pelo território nacional até meados de setembro.
O isolamento social e seus impactos na economia têm sido alvos de intensos debates nesse período, criando atritos entre o presidente, autoridades sanitárias, prefeitos, governadores, parlamentares e representantes da sociedade civil. Tal situação de desgaste levou o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, a realizar uma troca de ministros da Saúde, demitindo o ortopedista Luiz Henrique Mandetta para nomear, em seu lugar, o oncologista Nelson Teich, que tomou posse nesta manhã.
Ministro da Saúde precisa se alinhar com Bolsonaro, sem ferir aspectos técnicos adotados, diz médico
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Ao longo de várias semanas, Mandetta e Bolsonaro entraram em choque diversas vezes por conta de suas opiniões opostas sobre a melhor abordagem para enfrentar o surto do coronavírus. Enquanto, seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde, o então ministro decidiu defender um isolamento mais rígido e mais amplo, o presidente, por sua vez, se manifestou a favor de um relaxamento nessas medidas, citando preocupações também com o cenário econômico.
Para o economista André Fernandes, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, passados 30 dias do início dessa suposta quarentena, ainda é cedo para medir o impacto da pandemia na economia brasileira. No entanto, o que já se pode observar neste momento é que as expectativas de mercado já apontam no sentido de uma redução "relativamente drástica" no nível de atividade econômica.
"Há quatro semanas, a expectativa de crescimento era de 1,68% no ano de 2020. Essa expectativa já se reverteu de um crescimento de 1,68% em uma queda de 1,96%", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil.
Além das expectativas, o especialista destaca que vários setores da economia já têm reportado "uma diminuição substancial no seu nível de atividade". Mas, segundo ele, não é possível afirmar com certeza se as medidas que têm sido adotadas pelo governo no sentido de minimizar os impactos da COVID-19 na economia estão sendo efetivas pelo fato de que esses impactos ainda não são totalmente conhecidos.
"O auxílio emergencial de 600 reais que começou a ser pago nesta semana é fundamental. Afinal de contas, já havia famílias pelo país inteiro que estavam começando a passar necessidade porque eram trabalhadores, ali, autônomos, que estavam na informalidade e que precisavam desenvolver sua atividade no dia a dia para ter algum tipo de receita, algum tipo de remuneração."
Fernandes acredita que, após a crise do coronavírus, a administração federal deve se concentrar em "adotar as políticas econômicas de maneira expansionista".
"As expectativas já apontam que há uma menor pressão sobre esse indicador, sobre a inflação. Então, me parece haver espaço aí para que a adoção de políticas econômicas de maneira expansionista se dê."