Segundo o mais recente plano de defesa da Noruega, apresentado pelo ministro da Defesa Frank Bakke-Jensen e pela primeira-ministra Erna Solberg, a Noruega vai aumentar as suas despesas com a defesa em 16,5 bilhões de coroas norueguesas (R$ 8,32 bilhões) até 2028, informou a emissora nacional NRK.
A Noruega vai ter dois novos batalhões e mais helicópteros para as suas forças especiais, entre outras aquisições. A Guarda Nacional será reforçada com 11 unidades militares e 37.000 soldados "equipados e treinados".
Bakke-Jensen, o ministro da Defesa, insistiu que o governo tem dado grande prioridade à defesa, e sublinhou que as atuais operações militares reais têm sido mais ativas do que eram durante muitos anos.
Ele enfatizou que o novo plano impulsionará a defesa aérea, e adicionará cerca de 2.500 soldados nos próximos oito anos através da reimplantação de um batalhão em Skjold, condado de Troms (norte do país) e outro "onde o Exército achar adequado".
O próprio ministro da Defesa admitiu que o cumprimento antecipado em 2021 do objetivo de 2% do PIB em gastos militares, meta inicialmente planejada para 2024, se deve principalmente ao fato de a economia da Noruega dever contrair devido às medidas para deter a propagação do coronavírus.
Com cerca de 400 mil noruegueses sem trabalho em um país de 5,3 milhões, suas perspectivas econômicas não parecem muito promissoras.
'Cortes de eficácia'
No entanto, apesar de cumprir um objetivo importante, o novo plano foi recebido com duras críticas de vários lados, pois está bem abaixo do que Haakon Bruun-Hanssen, o chefe da Defesa, recomendou no ano passado, e mal satisfaz seu pedido mínimo.
Segundo disse, a participação da Noruega nas forças de reação rápida da OTAN ou em outras operações internacionais "viria à custa de exigências de prontidão nacional".
Primeiro, o plano provocou descontentamento interno. Segundo Torbjorn Bongo, chefe da Federação de Oficiais Noruegueses, o plano exigia um "elevado grau de cortes de eficácia", chamando-lhe "irrealista". Bongo também sugeriu que o plano pudesse ter um efeito oposto, enfraquecendo a defesa.
"Não será possível aos militares implementar os cortes", disse Bongo à emissora nacional NRK. "Receamos que os cortes e os pressupostos deste plano a longo prazo contribuam para enfraquecer a defesa em algumas áreas, e não para a reforçar".
Em segundo lugar, os partidos de oposição da Noruega também ficaram insatisfeitos, uma vez que os Trabalhistas e a Esquerda Socialista, ambos integrantes do bloco "vermelho" de esquerda, pediram mais militares ativos, especialmente no norte da Noruega, que é vista como uma área estratégica devido à sua proximidade com a Rússia.
"As necessidades mais importantes são de pessoal, em todos os ramos", disse Anniken Huitfeld, porta-voz da defesa Trabalhista.
O Partido Conservador Nacional do Progresso, que se retirou do governo por divergências quanto às políticas de imigração e ao tratamento das chamadas "esposas do Daesh" (grupo terrorista proibido na Rússia e vários outros países) e dos seus filhos em particular, critica o fato de importantes decisões de defesa estarem sendo adiadas.
De acordo com o seu porta-voz, Christian Tybring-Gjedde, a Noruega deve tirar partido das oportunidades que a crise do coronavírus apresenta.
Por último, não há planos para substituir a fragata perdida Helge Ingstad, que naufragou após uma colisão dramática com um petroleiro depois dos exercícios da OTAN no final de 2018. Isto significa que a Marinha terá que ficar apenas com os navios atualmente disponíveis durante mais alguns anos.
As Forças Armadas norueguesas são constituídas por quatro ramos, o Exército, a Marinha (que inclui a Guarda Costeira), a Força Aérea e a Guarda Nacional, bem como por várias unidades conjuntas, e incluem uma força de paz de 23.000 homens, bem como cerca de 40.000 homens na reserva.