O anúncio foi feito na conta do Twitter do embaixador dos EUA em Israel. No tweet, o embaixador estadunidense afirmou que Washington forneceria à Autoridade Palestina US$ 5 milhões (R$ 26,49 milhões) para combater o novo coronavírus.
I'm very pleased the USA is providing $5M for Palestinian hospitals and households to meet immediate, life-saving needs in combating COVID-19. The USA, as the world’s top humanitarian aid donor, is committed to assisting the Palestinian people, & others worldwide, in this crisis.
— David M. Friedman (@USAmbIsrael) April 16, 2020
Estou muito satisfeito que os EUA estejam fornecendo US$ 5 milhões para hospitais e lares palestinos para atender às necessidades imediatas para salvar vidas no combate à COVID-19. Os EUA, como o maior doador de ajuda humanitária do mundo, estão comprometidos em ajudar o povo palestino, e outros em todo o mundo, nesta crise.
Especialistas, contatados pela Sputnik Árabe, questionam se este passo poderia significar uma tentativa norte-americana de reatar algum tipo de contato com a Palestina.
Reação palestina
O governo palestino comunicou não ter ouvido falar de nenhuma assistência financeira dos Estados Unidos. O porta-voz do governo palestino, Ibrahim Melhem, não esteve com evasivas em declarações à mídia em 18 de abril:
"Nós não recebemos nenhum dinheiro da administração norte-americana, e não vamos aceitá-lo. Não temos contatos com os Estados Unidos", garantiu.
Fayez Abu Ayta, secretário do Conselho Revolucionário do Fatah, afirmou por seu lado à Sputnik Árabe que a Autoridade Palestina não sabe nada sobre a alegada ajuda financeira americana e garante que não recebeu absolutamente nada.
"Pelo contrário, o lado americano está prejudicando o desenvolvimento da Palestina de todas as maneiras possíveis, ao seguir uma política estritamente pró-israelense na região. Para nós, o senhor Friedman é mais um colono que compartilha da visão sionista. Portanto, temo que suas declarações não possam ser levadas em conta", disse o político.
Contatos oficiais inexistentes
Por sua vez, o professor de Ciência Política da Universidade Al-Quds e consultor em relações internacionais Usama Shaat observou à Sputnik que não houve nenhum progresso a nível oficial – há anos que os Estados Unidos não prestam nenhuma assistência à Palestina.
"Ainda em dezembro de 2017, o lado norte-americano cancelou unilateralmente todos os programas de assistência à Palestina, incluindo o apoio financeiro e humanitário. Ainda não houve mudanças nesta questão. Além disso, com o anúncio oficial do plano "Acordo do Século" houve uma ruptura completa nas relações oficiais palestino-americanas", disse ele.
Falando sobre os contatos entre a Palestina e os EUA, o especialista palestino acrescentou:
"Ainda existem contatos informais entre os EUA e a Palestina. Os representantes da diáspora palestina nos Estados Unidos mantêm contatos com sua pátria histórica. Eles, por seu lado, podem prestar qualquer assistência à Palestina."
No entanto, o Congresso dos EUA exige que a Administração dos EUA reveja a questão da retomada da ajuda oficial à Palestina, pelo menos enquanto durar a pandemia, sem que tenha ainda havido uma resposta à questão.