Um grupo de pesquisadores britânicos sugere que a carga da embarcação mostra o gosto marcado pelas culturas orientais nos costumes do mundo ocidental, informa o The Guardian.
Entre os objetos encontrados se destacam algumas peças feitas de porcelana chinesa, sendo 360 taças decoradas, pratos e uma garrafa feita em Jingdezhen (conhecida como a capital da porcelana) durante o reinado do imperador chinês Chongzhen, que governou de 1627 a 1644.
Mediterranean #shipwrecks reveal 'birth of globalisation' in trade https://t.co/JBqbecXNxS Ohhhh all that lovely pottery! pic.twitter.com/pViSaDwh86
— Debborah Donnelly (@DebbyDonnelly) April 19, 2020
Naufrágio no Mediterrâneo revela "início da globalização" no comércio. Ohhhh toda essa cerâmica adorável.
Embora os itens tenham sido concebidos para o consumo de chá, os cientistas acreditam que os otomanos os adaptaram para o consumo do café, que era a nova tendência no Oriente.
Em um dos porões do barco foram encontrados os primeiros cachimbos de argila da época do Império Turco.
"Ao fumar tabaco e beber café nos botequins otomanos, a ideia de recreação e de uma sociedade educada, que é uma marca da cultura moderna, ganhou vida", explicou Sean Kingsley, pesquisador britânico.
Ele ressaltou que mesmo que a Europa pudesse ser pioneira nas "noções de civilização", as taças e as cafeteiras encontradas provam que o "Oriente bárbaro" foi o precursor, já que a primeira cafeteria de Londres apenas foi aberta em 1652.
"Os bens e pertences das 14 culturas e civilizações descobertas, que se estendem por um lado do globo: China, Índia, golfo Pérsico e mar Vermelho, e a oeste do Norte da África, Itália, Espanha, Portugal e Bélgica, são notavelmente cosmopolitas para a navegação pré-moderna em qualquer época", acrescentou.
A embarcação tinha 43 metros de comprimento e transportava uma carga de quase 1.000 toneladas, sendo qualificada como uma das descobertas mais incríveis no Mediterrâneo.