O projeto do complexo A-235 Nudol foi iniciado no final da década de 70, entretanto foi suspenso. Contudo foi reativado nos anos 2000 e deve substituir o atual sistema de defesa antimíssil A-135 Amur.
Interceptor hipersônico
Esse projeto é um dos mais secretos da Rússia. Apesar das poucas informações, sabe-se que os testes de lançamento e voo do míssil se iniciaram em 2014, quando foram realizados aproximadamente 10 lançamentos.
Ele será capaz de atingir alvos a uma distância de até 1.500 quilômetros. Além disso, o míssil interceptador pode chegar a uma velocidade Mach 10, ou seja, o A-235 é um complexo de mísseis hipersônicos, com objetivo principal de eliminar ogivas de mísseis balísticos intercontinentais em voo.
Dados oficiais qualificam o projétil do sistema como um míssil espacial, entretanto, o Pentágono considera o projeto um sistema de interceptação antissatélite, que pode limitar consideravelmente as capacidades militares dos EUA no espaço.
Blindagem de Moscou
Atualmente, Moscou é protegida pelo sistema A-135 Amur, que é totalmente automatizado para detecção de alvos, interceptação e emissão de permissões para lançar e orientar os projéteis antimísseis sem a intervenção humana.
O Nudol, que deve ser o substituto do Amur, possui diversos tipos de mísseis de combustível sólido de curto, médio e longo alcance, capazes de atingir os mísseis inimigos a centenas de quilômetros de distância, no espaço próximo e na estratosfera.
Segundo Viktor Murakhovsky, editor-chefe da revista Arsenal Otechestva, o novo sistema tem a mesma função do atual Amur.
"Não planejamos construir um sistema de defesa antimíssil para todo o país. Embora estejamos falando de cobrir Moscou e a região industrial central de ataques únicos de mísseis balísticos intercontinentais, mísseis de médio alcance e outras ameaças. E não há necessidade de uma munição totalmente nova. Vão ser utilizados mísseis modificados e profundamente modernizados do A-135", declarou.
Abater o alvo sem explosão
Uma das características marcantes do novo sistema russo é a interceptação cinética de alvos, sem a utilização de ogivas especiais. Sendo assim, a munição eliminará os mísseis inimigos se chocando contra eles a velocidades hipersônicas.
"Além disso, o sistema é capaz de interceptar mísseis mais além da atmosfera. De fato, é possível atingir satélites em órbitas baixas. Atualmente, isso é muito relevante para Rússia, pois as intenções dos EUA de desenvolver futuras armas espaciais são muito preocupantes. O Nudol neutraliza essas ameaças", apontou Murakhovsky.
Outra característica importante do novo sistema é sua mobilidade. Os lançadores podem ser colocados em veículos de transporte autopropulsados capazes de atravessar terrenos pouco transitáveis, permitindo sua locomoção de maneira rápida e secreta até a área desejada.
Batalha espacial
A obsessão norte-americana de militarizar o espaço nos últimos anos está cada vez mais visível, tanto que, no final de 2019, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a criação da Força Espacial.
Por sua vez, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, anunciou a intenção de reconhecer o espaço como a nova esfera de operações da Aliança Atlântica.
Além disso, Trump enfatizou que o Força Espacial dos EUA, além da defesa, desenvolverá capacidades ofensivas. Dessa maneira, o país começará a implantação de sistemas de rastreamento e interceptação de mísseis balísticos no espaço.
Outra ameaça norte-americana estaria relacionada ao interesse de atacar e eliminar alvos com armas não nucleares em qualquer lugar do mundo em apenas uma hora após a ordem dada.