Sputnik lembra como foi este dia histórico nas margens do rio Elba. O encontro era ansiosamente esperado por ambos os lados, mas mais tarde os aliados seguiram caminhos distintos.
Em meados de abril de 1945, o Exército Vermelho e as tropas anglo-americanas avançavam rapidamente em direção uns aos outros. Na noite de 16 de abril, a 1ª Frente Bielorrussa, e mais tarde a 2ª Frente Bielorrussa e a 1ª Frente Ucraniana, avançaram para a tomada de Berlim. O desfecho já estava traçado, tal como o destino da Alemanha nazista – os vencedores iriam dividi-la em zonas de ocupação.
Os aliados americanos e soviéticos deveriam se encontrar no rio Elba. O encontro foi cuidadosamente preparado e foram tomadas todas as medidas para evitar incidentes, confrontos, bombardeios e disparos de artilharia recíprocos acidentais, além disso, foram pintadas listas brancas nos carros de combate para evitar confusões.
Na tarde do dia 25 de abril, o grupo de patrulha das forças americanas sob comando do tenente Albert Kotzebue deslocou-se até ao rio e avistou os soldados do Exército soviético na margem oposta. Depois de confirmar que eram os aliados e não alemães disfarçados, os soldados americanos atravessaram para a outra margem.
Na verdade, foi difícil registrar todos os contatos entre os aliados ocidentais e o Exército Vermelho. Os primeiros soldados soviéticos que se encontraram com os americanos foram o tenente Grigory Goloborodko, o sargento Aleksandr Olshansky e vários outros militares. Um pouco mais tarde, a eles se juntou o tenente-coronel Aleksandr Gordeev. Este foi o primeiro encontro confirmado entre os aliados, mas não ficou registrado como oficial.
No mesmo dia, algum tempo mais tarde, realizou-se outro encontro entre o tenente norte-americano William Robertson e o tenente do Exército Vermelho Aleksandr Silvashko. Este evento histórico ocorreu na ponte semidestruída sobre o rio Elba na cidade alemã de Torgau. Ambas as partes comunicaram de imediato sobre o encontro. No dia seguinte foi tirada a lendária foto de Robertson e Silvashko abraçando um ao outro.
A foto dos tenentes soviético e americano apertando as mãos no Elba foi publicada em questão de horas em inúmeros jornais de diferentes países. Em Moscou este encontro, que marcou um dia fatídico para a Alemanha nazista, foi celebrado com 24 salvas de artilharia de 324 canhões. Celebrações também tiveram lugar em Times Square, em Nova York.
"Este momento foi o auge das relações entre aliados da coalizão durante todo o tempo da Segunda Guerra Mundial", disse à Sputnik Mikhail Myagkov, diretor da Sociedade de História Militar da Rússia. "A Alemanha já estava dividida, os nazistas não podiam mais resistir eficazmente".
"Os americanos recordam com muito carinho o borsch ucraniano, pelmeni siberianos, caviar e, claro, as bebidas alcoólicas, eles queriam ficar com algumas recordações, como uma estrela do bibico, um botão do casaco. O ambiente em geral era alegre, o tempo estava bom, com muito sol, o cheiro de lilás pairava por todo lado. O pressentimento do fim da guerra estava no ar", conta Myagkov.
Mesmo nos dias de hoje, o espírito do Elba demonstra que os dois países conseguem superar suas divergências. O encontro histórico entre os soldados soviéticos e americanos teve um profundo significado simbólico.
No dia 25 de abril nos lembramos da valentia dos soldados de ambos os países na sua incansável luta contra o nazismo e fascismo. Recordamos as vítimas que os dois países sofreram. E, por último, lembramos que Moscou e Washington, apesar das relações bilaterais complicadas, podem cooperar em domínios de interesse comum.