A notícia é avançada pela rádio Renascença, que adianta que desde março está sendo desenvolvido por uma equipe do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC Tec), da cidade do Porto, um aplicativo para celular que alerta o seu usuário se esteve em contato próximo com alguém infectado com o novo coronavírus SARS-CoV-2.
Com a designação provisória de monitor4Covid19 e Stepaway, procura atender ao esforço de rastreamento que é desenvolvido por parte dos profissionais de saúde.
"Este método é muitíssimo mais rápido do que o sistema atual de perguntar às pessoas infectadas com quem estiveram e contatá-las diretamente por telefone", frisa José Manuel Mendonça, presidente do Instituto, "pois sempre que uma pessoa é identificada como estando infectada pelo novo coronavírus, os profissionais de saúde veem-se obrigados a localizar todas as pessoas com quem o paciente esteve em contato".
Malgrado os rumores que o governo estaria equacionando a sua implementação obrigatória, contrariando indicações da União Europeia, e que a presença de diversos membros do governo na apresentação oficial veio a alimentar, Rui Carlos Oliveira, administrador do INESC Tec, garante à Rádio Renascença que a utilização do aplicativo é "absolutamente voluntária" e que "só as pessoas que baixarem a aplicação de uma das lojas de aplicações da Apple ou da Google é que poderão participar neste rastreio".
"Uma vez instalado, o aplicativo não solicita quaisquer dados à pessoa, nem sequer autorização para obter dados do próprio telemóvel. A única autorização que pede é para utilizar a tecnologia Bluetooth", assegura Oliveira, acrescentando que a localização geográfica também não será recolhida.
O aplicativo funciona de forma bastante simples. Se um dos utilizadores que tenha instalado o aplicativo vier a ser diagnosticado com SARS-Cov-2, qualquer outro usuário que tenha baixado o aplicativo e que tenha estado em contato com o doente nos 14 dias anteriores, recebe uma mensagem de alerta.
Para que tudo funcione, é necessário que o doente autorize um profissional de saúde a partilhar essa informação, o que é feito de forma anônima, garante o instituto, pois quem receber a mensagem, nunca saberá quem é a pessoa em causa, mas passará a estar atento a eventuais sintomas ou poderá recorrer às entidades de saúde para realizar um teste.
Em relação aos idosos pouco propensos a tecnologias, os responsáveis pelo aplicativo não os veem como os principais destinatários, por serem um grupo de risco a quem o confinamento é mais aconselhado.
O público alvo do aplicativo será sobretudo constituído por pessoas mais jovens, inclusive aquelas que dentro de dias estão voltando às escolas e às universidades, que mais facilmente usarão esta tecnologia e que correspondem a um grupo específico da população que poderá estar contaminado e ser assintomático, opinam os autores do aplicativo, citados pela Renascença.
Alertam, contudo, para o fato de o sucesso do aplicativo só ser viável caso 60% da população adira à operação.
Tal como recomendado pela Comissão Europeia, o aplicativo não vai guardar a localização dos utilizadores nem revelar a identidade das pessoas infectadas, e não será de uso obrigatório.