Caracas está pedindo ao Banco da Inglaterra para vender parte das reservas de ouro da Venezuela e enviar os recursos para a ONU, a fim de ajudar a nação sul-americana a enfrentar o surto da COVID-19, escreve a Reuters citando várias fontes anônimas.
O caso vem em meio a relatos de que Caracas continua retirando suas reservas de ouro para exportação, com pelo menos oito toneladas do metal precioso retiradas dos cofres estatais em março.
Nem as autoridades bancárias nem o Ministério da Informação da Venezuela comentaram sobre quanto ouro a Venezuela quer que o Banco da Inglaterra venda.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por sua vez, foi citado pela Reuters como tendo dito que "foi abordado recentemente para explorar mecanismos para usar os recursos existentes detidos pelo Banco Central da Venezuela em instituições financeiras fora do país para financiar os esforços em curso para enfrentar a [...] pandemia da COVID-19".
De acordo com os últimos dados da Universidade Johns Hopkins (EUA), há 331 casos confirmados de coronavírus na Venezuela, com 10 casos fatais.
As observações do PNUD se seguiram aos pedidos do ex-chefe de ajuda da ONU, Jan Egeland, para que as sanções antivenezuelanas dos EUA fossem levantadas e que os fundos do país fossem liberados em bancos britânicos e americanos.
Em maio de 2019, a Bloomberg citou fontes familiarizadas com o assunto como dizendo que Caracas havia vendido 15 toneladas de ouro no valor de US$ 570 milhões (R$ 3,1 bilhões) das reservas do banco central, conseguindo contornar as sanções do Tesouro norte-americano, que foram impostas às empresas estatais venezuelanas desde o início de 2019.
'Roubo de ouro' da Venezuela
Em entrevista à BBC no ano passado, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, por sua vez, manifestou a esperança de que seu país não fosse "roubado do ouro que legalmente pertence ao Banco Central da Venezuela" e que o direito internacional "fosse respeitado e prevalecesse".
Maduro sugeriu que "mais ou menos 80 toneladas" do ouro do país poderiam estar congeladas atualmente no Banco da Inglaterra.
No início de 2019, o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó pediu à então premiê do Reino Unido, Theresa May, e ao governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, que não devolvessem as barras de ouro ao governo de Maduro.
Antes disso, um relatório da Bloomberg afirmou que o Banco da Inglaterra havia se recusado a retirar as reservas de ouro da Venezuela, consideradas como valendo cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,52 bilhões), após um pedido de Maduro.
O país latino-americano continua envolvido em um impasse político, que se intensificou depois que Guaidó se declarou presidente interino do país no final de janeiro de 2019, em uma ação imediatamente apoiada pelos EUA e seus aliados. Maduro acusou Guaidó de ser um "fantoche", denunciando Washington por tentar orquestrar um golpe de Estado na Venezuela.