Na matéria de hoje (2), a Sputnik apresenta algumas dessas manobras.
Assalto em 'carrossel'
A Segunda Guerra Mundial demonstrou a importância da aviação de assalto. O avião Ju-87 alemão e o Il-2 soviético apoiavam as tropas terrestres com fogo de cobertura, atingiam alvos na retaguarda e atacavam posições defensivas vitais.
Contudo, sua principal desvantagem residia em sua baixa manobrabilidade, o que os tornava presas fáceis dos caças.
Para reduzir as perdas, os pilotos soviéticos adotaram o método tático denominado "carrossel". Um grupo de aeronaves de assalto formava acima do alvo um círculo, de maneira a que cada avião cobrisse a cauda da outra voando atrás.
Os Ilyushin Il-2 se revezavam, saindo um de cada vez da formação e atacando o alvo, retornando de imediato ao "carrossel".
Deste modo, as aeronaves de assalto podiam atacar por muito tempo, permanecendo invulneráveis aos caças. Ainda hoje essa tática é usada com sucesso na Síria pelas tripulações dos helicópteros russos Mi-24, Mi-28 e Ka-52. Nas redes foram publicados vários vídeos mostrando os ataques em carrossel, enxergando-se apenas ruínas fumegantes no solo após os impactos.
Caça em grupo
Os combates urbanos da Segunda Guerra Mundial provaram que por vezes um único tiro certeiro pode fazer mais do que o fogo concentrado de uma subunidade inteira. Foi então que surgiu a arte moderna do franco-atirador, ou sniper.
Essa nova arte foi importante sobretudo na Batalha de Stalingrado, em que as posições inimigas estavam muitas vezes localizadas em ruas vizinhas, a poucos metros. Franco-atiradores caçavam oficiais inimigos, abatiam sentinelas, eliminavam operadores de metralhadoras.
Assim, o lendário atirador Vasily Zaitsev eliminou mais de 240 nazistas e introduziu o método da "caça em grupo" nas táticas militares, que consistia em ter uma área da batalha visada a partir de três pontos diferentes por outras tantas duplas de franco-atiradores: o sniper e o observador.
Um dia, recordou Zaitsev, o "sexteto" dele conseguiu abater quatro dezenas de soldados e oficiais da Wehrmacht. Os atiradores de elite russos ainda hoje seguem essa tática. Em particular, a "caça em grupo" foi utilizada por atiradores de elite das forças federais na Chechênia.
Emboscadas de tanques
Na Segunda Guerra Mundial, aconteceram as maiores e mais sangrentas batalhas de tanques. Foi a primeira experiência de tal uso maciço de veículos blindados pesados. De armas auxiliares os tanques se tornaram a principal força de ataque das tropas terrestres.
Em uma primeira fase, o Exército Vermelho utilizou amplamente a tática das emboscadas de tanques, tidas como a melhor maneira de conduzir operações defensivas. Os blindados eram posicionados com antecedência nos prováveis caminhos a usar pelas colunas inimigas e completamente camuflados no terreno.
Os primeiros disparos visavam sempre o blindado da frente e o da retaguarda, dificultando dessa forma as manobras dos restantes tanques inimigos.
Dmitry Lavrinenko, o mais eficaz tanquista soviético, destruiu 52 blindados alemães com o seu tanque T-34.
Após a Segunda Guerra Mundial, essa tática foi utilizada nos conflitos entre árabes e israelenses no Oriente Médio e durante a guerra Irã-Iraque.
Tapete de bombas
O Reino Unido e os Estados Unidos tinham uma poderosa frota de bombardeiros e não hesitavam em bombardear cidades alemãs. Os generais da Força Aérea até desenvolveram uma tática especial para aumentar a eficácia dos bombardeios.
A primeira onda de aeronaves lançava bombas explosivas, que destruíam paredes e telhados, assim como estruturas de madeira.
A segunda vaga atacava com recurso a bombas incendiárias, com temperaturas no epicentro chegando a atingir os 1.500 °C.
A terceira onda replicava a primeira, dificultando o trabalho dos bombeiros e socorristas. Assim foram completamente arrasadas cidades como Dresden, Hamburgo, Munique e Leipzig, incluindo as zonas residenciais.
Táticas semelhantes foram seguidas pela Força Aérea norte-americana em outros conflitos armados, como no Vietnã e na Iugoslávia, e com o mesmo resultado – milhares de civis mortos.
Alcateias de submarinos
Durante a guerra, nenhum capitão de um navio americano ou britânico no Atlântico podia se sentir seguro por causa dos submarinos alemães. A Kriegsmarine desenvolveu uma tática chamada de Rudeltaktik, ou tática de alcateia, para torpedear os comboios de navios dos Aliados.
A ideia era atacar simultaneamente navios inimigos a partir de múltiplos submarinos. Os submarinos do Reich atacavam de diferentes lados, com o objetivo de atingir o maior número possível de alvos. No início, não havia nada que os Aliados pudessem fazer contra isso.
Um grupo de até dez submarinos entrava na área por onde devia passar a coluna de navios inimigos e se posicionava em linha de frente contínua, a uma distância que permitisse aos sinalizadores de pelo menos um deles detectar no horizonte os navios inimigos.
Este submarino transmitia as coordenadas do alvo para o centro de comando e discretamente acompanhava a coluna a uma distância considerável, seguindo a fumaça.
Então, o centro direcionava o resto dos submarinos alemães para a posição dos navios inimigos.
Uma vez cercado o comboio, os alemães atacavam com toda a força e em superioridade numérica.
A partir da primavera de 1944, essa tática seria adotada pelos norte-americanos e utilizada com bastante sucesso na guerra no Pacífico com o Japão.