Altos responsáveis norte-americanos acreditam que a China estocou suprimentos médicos durante a fase mais aguda de disseminação do coronavírus no país, relata a agência Associated Press citando documentos de inteligência "apenas para uso oficial" do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês).
A análise dos documentos afirma que, no início de janeiro, o país asiático subvalorizou a ameaça representada pelo coronavírus, ao mesmo tempo que importava suprimentos médicos e diminuía sua exportação, particularmente máscaras faciais, luvas e outros equipamentos de proteção.
Intelligence has just reported to me that I was correct, and that they did NOT bring up the CoronaVirus subject matter until late into January, just prior to my banning China from the U.S. Also, they only spoke of the Virus in a very non-threatening, or matter of fact, manner...
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 3, 2020
A inteligência acaba de me informar que eu estava correto e que eles NÃO mencionaram o assunto do CoronaVírus até o final de janeiro, pouco antes de eu banir a China dos EUA... Além disso, só falavam do Vírus de forma muito pouco ameaçadora, ou como dado adquirido...
Segundo a fonte, os médicos que alertavam sobre o novo coronavírus estavam sendo silenciados, e houve responsáveis hesitantes em relatar más notícias, mas que esses passos teriam acontecido devido a obstáculos burocráticos e midiáticos existentes, uma posição que o presidente norte-americano Donald Trump já defendeu.
"Não há evidências públicas que sugiram que tenha sido uma conspiração intencional para comprar os suprimentos médicos do mundo", diz a AP.
O secretário de Estado dos EUA concordou que o vírus não foi espalhado deliberadamente, mas disse, também se referindo provavelmente ao SARS de 2002-2003, que "estas não foram as primeiras vezes que tivemos o mundo exposto a um vírus como resultado de falhas em um laboratório chinês".
O alto responsável também afirmou que há "evidências significativas" de que o vírus veio do laboratório de Wuhan, e que a comunidade de inteligência precisa continuar fazendo seu trabalho para determinar a origem da pandemia.
O outro lado da moeda
Pequim tem reagido às críticas norte-americanas referindo diversas falhas nos EUA na preparação para o combate contra a pandemia e negando as críticas de Washington e aliados de que esta teve seu início no laboratório de Wuhan, seja propositada ou acidentalmente.
Donald Trump tem também recebido críticas nos EUA por supostamente falhar em usar informação inicial das agências de inteligência sobre o coronavírus e seu potencial impacto.
A China informou a Organização Mundial da Saúde sobre o novo coronavírus em 31 de dezembro de 2019, entrou em contato com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças [CDC, na sigla em inglês] dos EUA em 3 de janeiro de 2020 e identificou publicamente o patógeno como um novo coronavírus em 8 de janeiro.
Além disso, Pequim revelou que o vírus era transmissível de pessoa para pessoa em 20 de janeiro, um dia antes dos EUA relatarem seu primeiro caso.
Muitos estudos têm apontado para a origem natural do coronavírus, mais provavelmente em morcegos, antes de se transmitir ao homem. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, Reino Unido, concluiu que o vírus surgiu mais ao sul da China, e não da região de Hubei, possivelmente já em setembro de 2019.