"Já tem 180 convidados", ironizou Bolsonaro no seu retorno ao Palácio da Alvorada, no fim da tarde, após um compromisso no Ministério da Defesa. Falando aos seus apoiadores, o presidente foi logo inflando o número de "convidados" para o seu evento, previsto para sábado em Brasília.
"Tem 210 chefes de família, deve dar umas 500 pessoas [...] vai ter umas 900 pessoas no churrasco amanhã [...] Tem mais um pessoal aqui de Taguatinga, 1,1 mil", prosseguiu Bolsonaro, para delírio dos seus apoiadores, que tentavam repassar mensagens dos seus estados e cidades.
A polêmica surgiu na noite de quinta-feira (7), quando Bolsonaro revelou aos apoiadores que iria receber para um churrasco "uns 30 convidados", cobrando R$ 70 de cada um deles. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio Ministério da Saúde recomendam que eventos que possam gerar aglomerações não sejam realizados, evitando a chance de contágio pelo novo coronavírus.
Pouco antes de entrar no Palácio da Alvorada, Bolsonaro se despediu dos apoiadores e cravou: "Quem estiver aqui amanhã a gente bota para dentro. Três mil pessoas no churrasco amanhã", sentenciou, para delírio da plateia, que em parte também aproveitou a presença do presidente para hostilizar os jornalistas presentes.
O presidente ainda evitou perguntas dos repórteres, mas ao ser questionado sobre a chance de reverter a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou o pedido do governo para permitir a indicação de Alexandre Ramagem para comandar a Polícia Federal, ele assim respondeu:
"Dá para reverter? Não dou nada, não", declarou Bolsonaro.
Com ou sem churrasco, a sugestão de aglomeração festiva de Bolsonaro veio no mesmo dia em que o Brasil registrou o recorde negativo de 751 mortes pela COVID-19 em 24 horas, atingindo a marca de 9.897 óbitos pela doença, e um total de 145.328 casos – uma sinalização que o vírus ganha força e faz mais vítimas fatais a cada dia em solo brasileiro.