Um relatório, publicado na quinta-feira (6) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), defende que infectar voluntários com o coronavírus poderia ser de grande importância para desenvolver uma vacina.
O desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus poderia evitar a perda de "milhões de vidas", que colocaria uma "pressão extrema nos sistemas de saúde em todo o mundo", salienta a organização, que recorda que as medidas tomadas até o momento, como quarentenas e distanciamento social, têm "enormes custos socioeconômicos".
De acordo com o relatório, pesquisas de infecções controladas, chamadas de "pesquisas de desafio humano", podem acelerar os ciclos de estudo, já que menos participantes devem estar expostos a vacinas experimentais para prover uma estimativa preliminar sobre sua eficácia e segurança. Também servem para comparar quão úteis são distintos medicamentos e, desta forma, selecionar os mais promissores para futuros estudos.
Ainda assim, a OMS enumera condições que deveriam ser cumpridas para realizar estes trabalhos. Entre elas estão a justifica científica, a avaliação dos riscos e benefícios potenciais, além do consentimento dos voluntários.
Em relação a quem pode ser candidato para participar das "pesquisas de desafio", os especialistas apontam pessoas saudáveis entre 18 e 30 anos e as que tenham mais possibilidades de se contagiar, como profissionais da saúde, evitando incluir pessoas de baixa renda e socialmente vulneráveis.
Riscos e benefícios
O relatório da OMS avalia os riscos e benefícios deste tipo de pesquisa. Quanto às vantagens, se indica que a nível de sociedade se salvariam vidas e se evitariam contágios, além de ser proporcionado um rápido regresso à normalidade global, tanto em termos econômicos como sanitários. Enquanto os indivíduos envolvidos, estes conseguiriam imunidade, pelo êxito de uma vacina experimental.
Contudo, a proposta também prevê riscos, como a perda de confiança neste tipo de pesquisa, entre outros motivos, por problemas de saúde pelos quais participantes poderiam sofrer, relacionados à inoculação do vírus e o teste com medicamentos, que poderiam inclusive levar à morte.