Guerra inaudita: como a ciência soviética ajudou a derrotar Hitler

© Sputnik / Viktor Temin / Acessar o banco de imagensBandeira da Vitória sobre o Reichstag em Berlim em 1º de maio de 1945
Bandeira da Vitória sobre o Reichstag em Berlim em 1º de maio de 1945 - Sputnik Brasil
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A guerra mais importante da história da União Soviética envolveu um esforço colossal de soldados, recursos e comando, mas a ciência bélica e a medicina também fizeram contribuições enormes.

Os desenvolvimentos dos cientistas soviéticos durante a Grande Guerra pela Pátria (parte da Segunda Guerra Mundial, compreendida entre 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945, e limitada às hostilidades entre a União Soviética e a Alemanha nazista e seus aliados), que trabalharam em todos os campos de pesquisa, desde a matemática até à medicina, ajudaram a resolver um grande número de problemas extremamente difíceis enfrentados em combate, contribuindo assim para a vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial.

A Academia de Ciências da URSS pôs a trabalhar todos seus departamentos para fins militares já em 23 de junho de 1941, um dia depois que a Alemanha nazista atacou a União Soviética.

'Madame Penicilina'

Durante os anos da Grande Guerra pela Pátria muitos soldados morriam não pelos ferimentos causados pelas bombas e balas, mas pelas infecções por bactérias a partir das feridas.

Para lutar contra esse problema, a microbiologista soviética Zinaida Ermolieva recebeu uma tarefa nada fácil: desenvolver uma penicilina soviética, semelhante à criada por Alexander Fleming em 1928, a partir de matéria-prima nacional.

Na época das pesquisas, Ermolieva já possuía experiência bem-sucedida em seu esforço de guerra.

© Sputnik / David Sholomovich / Acessar o banco de imagensMicrobiologista soviética Zinaida Ermolieva
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Microbiologista soviética Zinaida Ermolieva

Durante a Batalha de Stalingrado seu trabalho conseguiu parar o surto de cólera e febre tifoide entre as tropas soviéticas, o que foi vital para a vitória da URSS na referida batalha.

Para desenvolver sua penicilina, Ermolieva começou uma busca por um cogumelo com o qual o antibiótico é produzido. Como resultado, em 1943 a pesquisadora e sua equipe iniciaram a produção em massa do medicamento que recebeu o nome de Krustozin.

As estatísticas mostram sua alta eficiência: a taxa de mortalidade de feridos e doentes diminuiu em 80% com o início de sua utilização generalizada no Exército Vermelho.

​Além disso, graças à introdução do novo medicamento, os médicos conseguiram reduzir o número de amputações em 25%, permitindo que um grande número de soldados evitasse a invalidez e retornasse às fileiras para continuar lutando.

Os esforços de Ermolieva lhe deram renome internacional. Em 1944, visitou a União Soviética o professor britânico Howard Walter Florey, um dos criadores do antibiótico.

Ao saber dos trabalhos da cientista soviética, Florey decidiu comparar seu antibiótico com o de Ermolieva. Para sua surpresa, a penicilina soviética era quase uma vez e meia mais eficiente que a do britânico.

Devido a tal fato, Ermolieva começou a ser chamada de "madame Penicilina".

Proteção contra minas magnéticas

Desde o início da guerra, os nazistas começaram a minar as saídas das bases navais soviéticas e as principais rotas marítimas. 

Como resultado disso, em 24 de junho de 1941, dois dias após o início da invasão alemã à União Soviética, o destróier Gnevny e o cruzador Maksim Gorky foram alvos de tais minas no golfo da Finlândia.

Para resolver tal problema, foi dada a ordem ao Instituto Físico-Técnico de Leningrado de desenvolver um mecanismo eficiente contra essas minas.

Graças aos trabalhos acelerados dos engenheiros soviéticos, métodos de proteção dos navios soviéticos foram criados.

Já em agosto de 1941, a maior parte dos navios da URSS utilizava tais métodos, sendo que mais nenhum de seus navios foi acometido por tais minas.

Desta forma, centenas de embarcações foram salvas assim como a vida de milhares de pessoas.

Indústria metalúrgica também ajudou

Os metalúrgicos soviéticos desenvolveram uma nova liga leve: silumínio de zinco, a partir do qual foram fabricados motores para equipamentos militares.

Além disso, foi introduzido um novo método de criação de peças fundidas que reduziu significativamente o consumo de metais.

A soldagem elétrica teve um papel fundamental no aumento do número de veículos produzidos. A soldagem por arco submerso a vácuo permitiu aumentar a taxa de produção dos tanques dezenas de vezes.

A soldagem também permitiu a criação de um vidro blindado, que era 25 vezes mais forte que o vidro comum.

Este desenvolvimento permitiu criar blindagem transparente para as cabines dos aviões de combate soviéticos.

Matemática para aviação e artilharia

Particularmente importante foi o papel da matemática na criação e aperfeiçoamento de novos equipamentos militares.

Grande contribuição deu o matemático Mstislav Keldysh.

Nos anos 30 os aviões apresentavam grande vibração quando sua velocidade de voo aumentava.

Em poucos segundos, peças se quebravam, assim como por vezes todo o avião.

Com o uso de cálculos matemáticos, Keldysh conseguiu descrever o fenômeno, o que permitiu alterar a estrutura dos aviões soviéticos e evitar tais vibrações.

© Sputnik / A. Cherpunov / Acessar o banco de imagensMatemático soviético Mstislav Keldysh falando no II Congresso Oceanográfico Internacional
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Matemático soviético Mstislav Keldysh falando no II Congresso Oceanográfico Internacional

Tal avanço tecnológico propiciou a melhor produção de aviões de guerra.

Da mesma forma, outro defeito que criava problemas aos pilotos da URSS era a oscilação que o trem de pouso dianteiro das aeronaves com três rodas apresentava.

Em determinadas condições, na decolagem e aterrissagem tal roda começava a virar rapidamente para ambos os lados ocasionando acidentes fatais.

Com a ajuda de Keldysh, os engenheiros soviéticos conseguiram superar a deficiência.

A matemática também foi posta em serviço para aumentar a eficiência do lendário lança-foguetes Katyusha.

Se no início este tinha uma densidade de fogo de apenas cerca de quatro projéteis por hectare, em 1942 os projéteis de Katyusha começaram girando, e a concentração dos disparos aumentou 10 vezes.

Além disso, cientistas soviéticos desenvolveram tabelas simples para determinar a localização de um navio por meio de radiogoniometria. Estas também foram amplamente utilizadas em operações da aviação de longo alcance e melhoraram significativamente a precisão da navegação dos aviões.

Óleo e oxigênio líquido

A contribuição dos geólogos para a vitória também foi inestimável. Quando as tropas alemãs ocuparam vastos territórios da União Soviética, surgiu a necessidade urgente de encontrar novos depósitos minerais. Os geólogos resolveram essa tarefa dificílima.

Andrei Trofimuk, um futuro acadêmico, encontrou um campo de petróleo na região de Basquíria, ao lado dos montes Urais, e o combustível foi enviado para o fronte ininterruptamente, o que lhe valeu o título de Herói do Trabalho Socialista.

Durante os anos de guerra, a necessidade de produzir oxigênio líquido em escala industrial, principalmente para produzir explosivos, cresceu enormemente. No início de 1942, o físico Pyotr Kapitsa criou um novo dispositivo de turbo-oxigênio. No ano seguinte, o aparelho começou a ser explorado.

Um dos erros de Hitler, que levou ao fracasso de sua ofensiva contra a URSS, foi subestimar a ciência soviética, escreveu depois da guerra Sergei Vavilov, acadêmico da URSS.

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