Todos os pontos de acesso ao parlamento alemão estavam bloqueados por fortificações de concreto armado, os nazistas concentraram lá unidades de elite, os militares da SS (organização paramilitar ligada ao partido nazista) lutavam desesperadamente. Sputnik conta como foi dominado o último reduto do nazismo.
Avanço contra Berlim
A ofensiva contra a capital começou em 16 de abril de 1945. O Exército Vermelho enfrentou cerca de um milhão de soldados da Wehrmacht (Forças Armadas alemãs) providos de oito mil diferentes tipos de peças de artilharia e morteiros, além de 120 tanques e canhões de assalto e 3,5 mil aviões.
No fim de abril as tropas soviéticas, após superar várias linhas defensivas, chegaram à periferia da capital alemã. A cidade tinha sido dividida em setores e bairros fortificados, foram construídos centenas de bunkers de concreto bem como inúmeras posições fortificadas, fossas antitanque protegiam as instalações mais importantes.
A cidade de Berlim era defendida por uma guarnição composta por 200 mil soldados – militares da Wehrmacht e da organização SS lutavam até ao fim, combatiam por cada rua, casa, porão, os destacamentos de assalto atacavam de dia e de noite.
Os soldados soviéticos tinham muita experiência de guerra urbana e usavam uma tática comprovada: evitar ofensivas por ruas que eram expostas a tiros de metralhadoras, o Exército Vermelho avançava cuidadosamente de casa em casa, tomando em primeiro lugar os andares inferiores e porões das casas.
"O assalto ao Reichstag foi bastante difícil, no entanto, todos os comandantes e combatentes estavam ansiosos para tomar a cidade o mais rápido possível, matando os nazistas em seu covil", disse à Sputnik Mikhail Myagkov, diretor da Sociedade de História Militar da Rússia.
Estandarte da Vitória
"Reichstag estava muito bem fortificado, o edifício e a área circundante eram protegidos por vários milhares de soldados e oficiais, na sua maioria eram militares da SS", explica Myagkov.
O parlamento não foi tomado logo após o primeiro assalto, todos os edifícios ao seu redor foram transformados pelos alemães em fortificações, ao longo do perímetro foi escavada e enchida de água uma profunda fossa antitanque. Em cada casa foram instalados postos de metralhadoras e franco-atiradores.
Contudo, sob a pressão de tanques e equipes de assalto, as defesas do Reichstag se rompiam pouco a pouco. O chefe do Estado-Maior do Exército alemão, Hans Krebs, contatou o comando soviético. Ele enviou uma mensagem escrita em nome do comandante supremo, assinado por Paul Goebbels e Martin Bormann, de que constava que em 30 de abril às 15h50 Hitler se suicidou. Krebs pediu negociações de cessar-fogo.
Stalin foi notificado sobre a morte de Hitler no meio da noite. Sobre sua morte ele disse: "Você acabou mal, canalha, é pena que não tenhamos conseguido capturá-lo com vida."
A resposta era definitiva: nada de negociações, apenas rendição. O governo alemão liderado por Goebbels e Bormann recusou se render. Os combates recomeçaram. O ataque decisivo ao Reichstag começou na manhã de 30 de abril com o apoio de artilharia e tanques.
Para deter os atacantes, os alemães atearam fogo ao edifício. A roupa dos soldados soviéticos ardia, eles sufocavam na fumaça densa. Os nazistas atiravam granadas contra as tropas soviéticas e faziam fogo intenso de metralhadoras.
Em 30 de abril, aproximadamente às 20h30, o grupo de ataque de um regimento de artilharia, sob comando do capitão Vladimir Makov, subiu ao telhado de Reichstag hasteando um pano vermelho. Às 3 horas da noite em 1º de maio, o sargento Mikhail Egorov e o segundo-sargento Meliton Kantariya instalaram a bandeira que mais tarde se tornou o lendário Estandarte da Vitória.
É preciso salientar a atitude dos vencedores para com o inimigo derrotado. Em 20 de abril, o Estado-Maior do Supremo Comando Militar emitiu uma diretiva que estritamente proibia ações por conta própria em referência ao tratamento de soldados e civis alemães. Além disso, foi determinado providenciar assistência médica aos feridos, para isso foram construídos três hospitais com capacidade para 5.000 pessoas cada um.
O Exército Vermelho literalmente salvou Berlim da fome iminente. Após a tomada do Reichstag foram instaladas nas ruas cozinhas de campanha adicionais para os habitantes e prisioneiros de guerra.
Segundo documentos publicados pelo Ministério da Defesa da Rússia, cada habitante de Berlim recebia por semana até três quilos de pão, 500 gramas de carne, um quilo e meio de açúcar, café, vegetais e laticínios.
Os bens culturais também eram protegidos: o arquivo, casa do parque e a casa-museu de Goethe e a cela de Martinho Lutero no mosteiro de Santo Agostinho.