A segunda maior economia do mundo caiu 7% em apenas três meses por causa da pandemia do novo coronavírus. Há décadas que o país desconhecia tal redução do crescimento. No entanto, a China parece estar relativamente bem "preparada" para confrontar e debelar a crise. Especialistas explicaram à RT o porquê.
Ninguém poderia prever
"Ninguém, incluindo Pequim, poderia ter previsto a profundidade e gravidade desta pandemia, especialmente os enigmáticos parâmetros de transmissão do novo coronavírus. Esta é realmente uma pandemia que só acontece uma vez a cada 100 anos", afirmou Sourabh Gupta, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sino-Americanos.
Uma das razões pelas quais a China parece mais forte é "sua posição orçamentária muito mais saudável do que a da maioria das economias desenvolvidas", prosseguiu Gupta. Segundo ele, a dívida chinesa em porcentagem do PIB é também significativamente menor do que a de outras potências e isso lhe dá maior margem de manobra.
Timur Umarov, especialista em China e Ásia Central do Instituto Carnegie de Moscou, explicou por sua vez que cada país se encontra em uma situação diferente e, portanto, está respondendo à pandemia à sua própria maneira.
"A estratégia da China está focada na recuperação do consumo interno, com grande apoio às pequenas e médias empresas", afirmou Umarov.
Capitalismo de Estado
"A China tem sempre uma estratégia de muito longo prazo", assegurou Andrew Leung, estrategista internacional especializado na China, que acrescenta estar Pequim melhor preparada para as crises graças ao seu capitalismo de Estado, sendo capaz de "dirigir fundos maciços e mobilizar empresas e trabalhadores de forma mais eficaz do que o Ocidente".
A China é também o principal parceiro comercial de muitos países, muito mais do que os Estados Unidos. Apesar das percepções negativas que se seguiram à propagação do coronavírus e às difamações norte-americanas, a China tem conseguido "manter a sua posição como a segunda maior economia do mundo, maior do que os outros países do BRICS juntos", acrescentou Leung.
Parceiro indispensável
Finalmente, o analista ressaltou que é praticamente impossível não levar em conta a China, particularmente em termos de aquisição de metais raros, componentes e peças tecnológicas. Mesmo do ponto de vista logístico, os maiores portos de contêineres estão instalados na China.
O país também tem se destacado pela introdução da tecnologia 5G e avanços na inteligência artificial, fazendo dele um parceiro indispensável, concluiu Leung.
Por seu lado, Gupta prevê que a economia chinesa volte a crescer ainda este ano.
"É claro que não atingirá a meta esperada de 6%, mas ainda assim deverá ser de 1 ou 2%. Mesmo a este nível baixo, a China seria a economia que mais cresceria entre as maiores potências do mundo", previu Gupta, antevendo ainda que o epicentro do crescimento econômico global se situará na região da Ásia-Pacífico.